domingo, 27 de dezembro de 2009
Retrospectiva 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Meu Presente de Natal

Uma réplica perfeita da Moscou de 1917 está sendo vendida na Rússia por US$ 3 milhões. A cidade em miniatura foi feita em 1977, para marcar os 60 anos da revolução Bolchevique, e está exposta na capital desde então.
O responsável pela construção da maquete foi o artista Efim Deshalyt, que comandou uma equipe de 300 pessoas que trabalharam na construção da cidade de cerca de 38 metros quadrados.
No prédio onde a detalhada maquete está exposta, há luzes especiais para criar efeito de dia e de noite sobre a pequena cidade.
Todas as janelas, tanto das casas quanto a dos barcos, têm luzes que podem ser acesas ao anoitecer.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Notas Sobre o Natal - Lourival Holanda
Notas sobre o Natal
Estamos sob a pressão do presente, do imediato. No entanto, há pouco tempo, ainda o período que precedia o Natal chamava-se Advento (o que deve vir) : preparava-se uma espera. A velocidade vertiginosa das mudanças, varreu a expectação; ficou só o espetáculo do Natal. O Cristo, convidado em função qual se fazia a festa, fica esquecido no barulho das preparações. Um aniversário com a casa cheia, os convivas invadindo todos os espaços, expondo modas endomingadas – que ninguém compromete com abraços ou amassos muito fortes; os contatos são de convenção; os beijos, os apertos de mão, desses sociais que apenas afloram a superfície do outro.
No entanto, Natal terminava com a Epifania – quando algo se manifesta, uma presença perturba o ritmo do mundo e o acorda da letargia com que o cotidiano ameaça o verdor da vida. O movimento frenético do ano leva cada qual a se proteger; e findamos mais individuais e cansados no final do ano. E vem a festa, como compensação. Mas, quem, de fato encontramos? Quem é ainda para nós um encontro epifánico – em encontrão, a partir do qual renasce em nós a vida, quem? Um encontro assim padece de longa espera; travessia de deserto, com os Reis Magos míticos e elucidadores. (Aliás, o Natal já foi festejados no dia 6 de Janeiro, na festa da Epifania).
Não digo há que um excesso de luz na feeria das festas, das praças que a Prefeitura enfeita para o Natal. O público se sente mais convidado ainda, nesse tempo de luz. E, no entanto, cada um carece também de certa penumbra, no espaço interior, que facilite o encontro consigo mesmo. Essa, talvez seja uma dimensão em desaparecimento, no mundo contemporâneo – e não é menos importante que o desaparecimento do mico-leão-dourado. Porque era uma das dimensões que nos definiam. Do Homo Sapiens ao Homo Quaerens: aquele que busca, aquele que deseja algo para além de si mesmo; o que deseja o futuro. Mas o futuro perdeu a credibilidade. Basta ver esse Natal com o frio desencantamento de Copenhagen; ali, o lugar de um medo – traduzido em indiferença – abortou o compromisso real com o futuro. É simbólico demais que isso se passe no Natal. Sinal dos tempos, desses tristes tempos – quando já não pensamos com o olho nas gerações futuras, porque as negociatas fazem pender para o lucro imediato os interesses reais.
Na raiz do Natal sempre houve um desejo de renovação. (Antes, essa renovação ia além da do guarda-roupa...). Há quem diga Natal vindo da novidade, na quebra do cotidiano com o anúncio do novo – a novella, desde a Idade Média. Outra origem possível: o natalis dies – a palavra teria ido se transformando e reduzindo até a forma atual: Natal. Com menos ou mais fantasia etimológica, há quem veja a origem na palavra do gaulês Noio Hel – novo sol. Sempre esse apoio na renovação efetiva.
Mas nossas renovações se fazem como as do asfalto: sobre o chão comido das rodagens semi-abandonadas, o zelo político passa uma camada fina de piche; isso basta a contentar o olho do passante apressado. Natal é assim também. Uma espiritualidade festiva, de circunstância. E esconda-se a dureza do dia-a-dia, a violência, o desprezo. Ponha-se a cordialidade à mesa. (Debaixo da mesa, sob o tapete, nossos pequenos rancores se destilam em silêncio; nossas covardias esperam; agora é uma hora de festa, hora anestesiante). Natal era tempo de reconciliação. Com o mundo e consigo mesmo. Mas essa reconciliação só se dá no silêncio, na penumbra. Não temos tempo.
As três religiões ditas do Livro (Judaismo, Islamismo, Cristianismo) sempre celebraram o momento inaugural de um silêncio. Carregaram a marca de um deserto – com o que há de fecundo nessa espera. O poeta Carlos Pena, filho amoroso dessa Recife mais madrasta que mãe de seus melhores poetas, em dado momento anuncia sinal desse silêncio:
-- Sino, claro sino,
tocas para quem?
-- Para o Deus menino
que de longe vem.
-- Pois se o encontrares
traze-o ao meu amor.
-- E o que lhe ofereces,
velho pecador?
-- Minha fé cansada,
meu vinho, meu pão,
meu silêncio limpo,
minha solidão.
O Natal, como coroamento do ano, era um momento de encruzilhada, decisivo, redefinidor. Lugar de reconciliação de si. Reconciliação com as razões de vida – norteadoras. Mas, hoje, é como se rodopiássemos entorno do mesmo círculo; dança de dervixes descrentes. Cumprimos um ritmo empurrados pelo calendário como um movimento cego. E chamamos festa à balbúrdia conjunta.
Importa menos a origem de Papai Noel, se seu mito agregou alegria ao longo de tantas infâncias. São Nicolau, de origem turca, se difundiu, correu mundo, atravessou os trópicos. Como o Orkut: à medida que avança seu efeito, perde-se seu “começo” – quem lembra daquele rapaz que criou a rede que tomou seu nome ... e despersonalizou o dono? Agora famoso e anônimo? Ele, Orkut, esteve em São Paulo. Porque lembro isso? Primeiro, porque há uma coincidência engraçada: ambos são turcos; segundo, o Cristo do Natal, sobretudo nesses tempos nossos, de pessoa, passou a instituição, de instituição a mito, e no mito desfez-se da força de presença real.
Natal é hoje uma emoção epidérmica. Apenas. A beleza das praças iluminadas talvez nos comova ainda. Mas, o que nos comove difere daquilo que nos move. Se o Natal fosse, de fato, renovação de um amor mobilizante, isso seria mesmo epifânico. Encontro alguém que me faz recarregar as reservas de afeto: eis um natal. O que há de cristão nisso? Tudo o que nos retira da sensação mediana do viver, ah, já vale. Tudo o que é busca da alegria tônica do viver, vale ser celebrado. Uma forma de o natal ser lembrado. Se o Natal, de fato, for ainda a renovação do melhor em nós, ah, então nem tudo está perdido.
Se houver um espírito de Natal, confundido com a concessão fácil de rede e rebanho, esse espírito não deveria dispensar a atenção. Às vezes na noite, em boîte ou missa de meia noite, uma presença passa – como uma aurora boreal, surpreendente e natural. Mas nossa desatenção perde, no entanto, o que seria um novo norteio de vida. Um natal, todo possível, virtual, ali. Aquela seria uma hora-natal. Hora de renascimento da alegria num encontro. Como poderia ser ímpio que Deus tomasse a forma de um amor, se o Amor tomou a de um Deus? Todo o que faz nascer em nós amor é divino. Mas, pena: no mais das vezes, o excesso de solicitações aborta em nós a plenitude de um encontro real. O que fica, num Natal esvaziado de seu sentido profundo é essa insatisfação que nenhuma festa supre. E quando já nem mais o desejo do poeta Bandeira basta, Pasárgada vai ser revisitada pelo poeta contemporâneo – Hagner Hyngner – como desejo de outra coisa, outro lugar. Talvez na secreta esperança de que, lá, ao menos, algo de novo nasça – e plenifique e cumpra a espera. Ouçamos o poeta:
Vou-me embora pra... só Deus sabe onde.
Aqui não tenho amigo nem rei , Nem a mulher que quero
Na cama que me deitei
Vou-me embora pra... só Deus sabe onde
Vou-me embora pra... só Deus sabe onde
Aqui eu não sou feliz , onde eu moro a existência é uma falácia
de todos os modos inconsequentes que qualquer garçonete, rainha ou demente
Pode ser até parente dos filhos que já tive
O que eu queria era um carro ao invés de uma bicicleta
queria uma rede, ao invés de tanto trabalho
mas, só me sobrou o mar
E depois de tanto cansaço sento na mesa de um bar mando chamar Irene pra me contar umas histórias
Que no tempo de menino Neide não teve tempo de contar.
O poeta atual, ainda que muito moço, parece envelhecer de desesperança, mas salta adiante levado pela espera. Não saber aonde vai, não saber o que vai encontrar, tudo isso é um risco. Mas o novo só se dá sob essa condição. A conformação é o mofo social; a poesia, seu antídoto. Por isso, ele prossegue:
Tem prostitutas bonitas
Ah, como tem... Pra gente se endividar
É assim que ando, triste, que triste assim não tem jeito
E de noite me dá vontade de matar -
Aqui não tenho amigo nem rei -
Aí sim, terei a mulher que quero
pra cama que me deitei
Vou-me embora pra... só Deus sabe onde
Peraí... E tem Deus?
O poeta pergunta se há Deus – mas, e se Deus mesmo já começar a se desenhar nessa forma interrogante?
domingo, 20 de dezembro de 2009
Constantin Liêvin
Constantin Liêvin
O romance Anna Karenina narra a história de uma mulher que venceu os preconceitos sociais para viver um amor. O que constituía um escândalo, tendo em vista o abandono de seu esposo, um homem da alta nobreza petersburguesa. O romance vai detalhando os meandros dessa nobreza russa citadina: os bailes, os costumes, os chás da tarde, a fofoca dos grandes salões, as preocupações e namoricos que se desenrolam com a trama. Mas, um personagem parece se afastar de todas essas relações “fúteis” (assim Liêvin julgava a vida citadina). Constantin Liêvin era defensor de uma nobreza tradicional russa, de raiz agrária, latifundiária, que exercia um papel moral na formação do povo russo.
Liêvin viaja para Moscou na tentativa de se casar com Kitty, uma moça da alta nobreza, de beleza e educação refinadas. É nesse momento que ocorre a grande epifania de Liêvin. Ao ser rejeitado na primeira proposta pela moça, resolve voltar para a aldeia, triste com o excessivo barulho da cidade, as opiniões furtivas: “deixou de querer ser outro que não ele próprio e apenas desejou ser melhor do que fora até ali.” (TOLSTOI, 1971; 95) Então, Liêvin vai se dedicar ao bom aproveitamento da sua propriedade, para honrar a tradição de sua família e vai construir uma série de discursos morais em que os pomechtchiki (latifundiário nobre) deveriam se incluir.
Na Poética do Espaço, Gastón Bachelard vai estabelecer uma série de análises sobre a relação do homem com a casa, enquanto espaço físico e os seus significados semânticos. Bachelard vai dizer que a casa é o local do ser que se defende, onde cria raízes e identidades. “O espaço habitado transcende o espaço geométrico.” (BACHELARD, 2008; 62) O cosmos transforma o homem em representante de sua localidade, é o homem do rio, das colinas, da ilha, da cidade. A casa remodela o homem. A volta para casa de Liêvin após um período de infortúnio na cidade, vai aumentar sua relação de intimidade com a casa da família, com a propriedade herdada. A solidão que faz pensar, que nos lembra Octavio Paz na Dialética da Solidão. O homem solitário é aquele que pensa, inclusive no sentido de pesar, a sociedade, que fornece um novo olhar sobre o que está fora do lugar. Assim, Liêvin passará a observar os desacertos em sua propriedade, nas relações com os vizinhos e desta força criativa que é a solidão, virá a execução de suas obras que vão coincidir com a chegada do verão.
A casa é um espaço de simplicidade e, como diz Bachelard, esse conforto da simplicidade gera a sensação de segurança. Reparemos na descrição de Tolstoi sobre a casa de Liêvin e sua relação com a tradição familiar:
“A casa era grande e antiga e, ainda que Liêvin vivesse só, ocupava-a inteiramente e aquecia- de ponta a ponta. Sabia que aquela vida era absurda, contrária aos seus novos planos e inclusive que não estava certa, mas aquela casa representava todo um mundo para ele; o mundo onde tinham vivido e morrido seus pais. Ali haviam levado uma existência que se lhe afigurava ideal e era com isso mesmo que ele sonhava: voltar a viver com a mulher essa mesma vida ideal.” (TOLSTOI, 1971; 97)
Para Liêvin, o casamento constituía-se como a ato mais nobre da existência. Portanto, a rejeição de Kitty causou um abalo extremo em seu planejamento de vida. A partir de então, o tempo em sua casa será todo direcionado para a chegada do verão e, consigo todo o trabalho que traz em seu bojo. A presença do trabalho no campo é bem realista e se comunica com as novas técnicas empregadas no século XIX. Durante o inverno, Liêvin vai se dedicar aos estudos de economia rural, visando atingir uma boa produtividade quando da chegada do verão, após o derretimento da neve espessa. Enquanto o verão não chegava ia estabelecendo relações mais próximas com os mujiques, passa a freqüentar a realidade deles, vai fazer longas caminhadas pela propriedade e entrará em contato com a realidade do campo que aparecerá de forma diversa aos seus olhos.
Na primavera, com o derretimento do gelo, é chegado o tempo de ceifar o mato. Um trabalho inglório para um pomechtchik que possuía tantos mujiques pra fazê-lo. Mas, Liêvin faz questão de se misturar aos camponeses e ser um deles. Para Liêvin, a aldeia era o local onde se vivia, se gozava, se sofria e se trabalhava. (idem; 227) Sua relação com os mujiques ganhou ares de irmandade. Vejamos:
“E cada vez se repetiam mais amiúde aqueles momentos em que lhe era possível não pensar no que estava a fazer. A gadanha ceifava por si. Momentos felizes esses. E mais feliz ainda aqueles em que, ao aproximar-se do rio até onde chegavam os regos, o velho limpava a gadanha com a erva úmida, passava a folha de aço na água fresca do rio e, enchendo o cantil, oferecia-o a Liêvin e dizia-lhe, com um momo trocista: _ Quer beber um trago do meu kvas[1]? É bom, não é?
E, efetivamente, Liêvin nunca bebera nada que se parecesse com aquela água morna onde flutuavam ervas e que sabia a ferro oxidado.” (idem; 240-241)
Essa aproximação de Liêvin junto aos camponeses vai de encontro ao que as relações capitalistas sugerem, onde a figura do patrão adquire ares de superioridade super-humanos. Ainda mais numa Rússia que fazia questão de ressaltar as diferenças entre as quatorze classes sociais existentes em meados do século XIX. Raymond Williams vai desanuviar esse cenário:
“Não só a terra mas também as pessoas eram consideradas propriedade; a maioria dos homens via-se reduzida à condição de bestas de carga, presos pelos tributos, pelo trabalho forçado, ou então ‘comprados e vendidos como animais’; ‘protegidos’ pela lei e pelos costumes apenas no sentido em que os animais e os rios são protegidos, para gerar mais trabalho, mais alimentos, mais sangue; uma economia voltada, em todas as suas relações de trabalho, para uma dominação física e econômica de caráter totalizante.” (WILLIAMS, 1989; 59)
Liêvin consegue romper com essa tendência à medida que se aproxima do cotidiano dos camponeses e, passa a enxergar outra perspectiva de vida, mais simples, em oposição ao freneticismo da grande cidade. Ao final do dia de trabalho, ao invés de regressar pra grande e confortável residência, Liêvin quis ficar com os camponeses e compartilhar de suas experiências:
“_Patrão, quer provar da minha tiurka[2]? . Perguntou ele, pondo-se diante da tigela.
A tiurka estava tão boa que Liêvin desistiu de ir a casa comer. Comeu com o velho, e enquanto comia aquele repasto frugal deixou que o velho lhe contasse coisas da sua vida, que muito o interessavam, falando-lhe, por sua vez, de alguns de seus projetos, que esperava despertassem a curiosidade do bom mujique. Sentia-se mais perto dele do que do irmão e sem querer sorria de afeto por aquele homem.” (TOLSTOI, 1971; 242)
Encontramos um certo bucolismo em Liêvin, na medida em que este sai da cidade e se refugia no campo. Uma idealização da natureza, do camponês. Mas, ao segundo olhar, vemos que sua relação não se dá de forma inocente. Seus estudos de economia rural visavam melhorar a produção da fazenda. Liêvin não esconde as dificuldades e vícios da vida do campo. Ele mescla uma perspectiva pré-capitalista herdada da tradição familiar com as novas técnicas de produção apreendidas nos estudos de economia rural. Sobre a visão pré-capitalista convém-nos remeter a Schiller e sua Poética da Autenticidade, quando este dizia que os pré-capitalistas tinham uma visão mais autêntica da natureza, porque era intuitiva, não alienada. (GARRARD, 2006; 70)
Raymond Williams vai traçar um perfil do proprietário de terras e de sua responsabilidade com os que o rodeiam, desde a família e os camponeses, até a natureza: “O homem não é dono da terra e não está autorizado a fazer com ela o que bem quiser. Ao contrário, deve tratá-la como um administrador responsável para o seu próprio bem e para o bem de outras espécies que também tem direito à vida.” (idem; 71)
Liêvin vai levantar diversas críticas aos outros proprietários de terras russos, relembrando suas obrigações enquanto administradores e até rememorando suas obrigações cívicas para com a posição social que ocupam. Nesse caso, ele também vai revelar um preconceito imbricado da sociedade russa do século XIX, quanto à posição social ocupada por cada membro:
“Podes tratar-me de retrógrado ou de qualquer outro nome tão ridículo como esse; mas não posso deixar de deplorar o empobrecimento geral desta nobreza, à qual, apesar da fusão das classes, eu me sinto feliz de pertencer. Ainda se se tratasse de uma conseqüência das nossas prodigalidades, estava certo: levar uma vida larga é privilégio dos nobres e só eles o sabem fazer. Não me dá engulhos ver os camponeses comprarem as nossas terras. Como o proprietário não faz nada, o camponês, que trabalha, toma o lugar dos ociosos. Está na ordem natural das coisas, e acho que deve ser assim. Mas, o que me vexa é verificar que a nossa nobreza se está deixando despojar por... como é que hei de dizer?... sim, é isso mesmo, por inocência! Aqui é um lavrador polaco que compra pela metade do preço, a uma dama que vive em Nice, uma propriedade magnífica. Acolá é um negociante que arrenda por 1 rublo a diessiátina que vale dez. Hoje és tu que, sem mais nem menos, dás de presente a esse malandro trezentos mil rublos.” (TOLSTOI, 1971; 165)
Em seus discursos, Liêvin demonstrava um interesse comum e uma preocupação nacional pelo desuso da terra, pelo abandono da economia rural em detrimento dos novos fomentos da cidade. De certa maneira, sua revolta é compreensível. A economia agrícola foi o sustento da Rússia até a virada para o século XX. Liêvin estava disposto a iniciar, à partir de sua epifania, uma revolução que se alastraria pelos confins da nação-continente:
“Vale a pena o esforço. Não é interesse pessoal meu, trata-se do bem comum. A economia agrícola e sobretudo a situação do povo devem mudar por completo. Em vez de miséria haverá riqueza e bem-estar geral; em vez de hostilidade, união e interesse comum. Numa palavra: será uma revolução sem sangue, mas uma revolução magna, uma revolução que, irradiando do nosso distrito, se espalhará pela província, por toda a Rússia, pelo mundo inteiro. Uma idéia justa não pode ser estéril. Por um objetivo tão grandioso valem a pena todos os esforços. Ora, que o autor desta revolução seja este pateta do Constantin Liêvin, habituado a ir ao baile de gravata preta e a quem a Princesa Tcherbatskaia negou a mão, isso não tem importância absolutamente nenhuma. Estou convencido de que Franklin, quando se dava a examinar-se a si próprio, também não confiava em si e não se julgava melhor do que eu me julgo.” (idem; 322)
Liêvin como um típico russo dos meados do século XIX, era um homem confundido pela tradição pré-capitalista e os fenômenos da modernidade que afloravam. A revolta de Liêvin contra o mau uso da terra por parte dos pomechtchiki nos faz lembrar Thomas Morus na Utopia, quando este vai criticar o desuso da terra por parte dos zangões latifundiários. O discurso de Liêvin fica num meio do caminho os ideais de comunidade (gemeinschaft) e sociedade (gesselschaft). Onde a primeira carregaria os ideais do período pré-capitalista, a Kultur, a aldeia; enquanto a segunda representaria a cidade e a Zivilisation.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Dostoevsky-Trip
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
A Solidão e Sua Porta
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Morreu na Ucrânia o DJ Portanov


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
I Came to Believe

I Came to Believe (Johnny Cash)I Came To Believe
Johnny Cash
I couldn't manage the problems I laid on myself
And it just made it worse when I laid them on somebody else
So I finally surrendered it all brought down in despair
I cried out for help and I felt a warm comforter there
And I came to believe in a power much higher than I
I came to believe that I needed help to get by
In childlike faith I gave in and gave him a try
And I came to believe in a power much higher than I
Nothing worked out when I handled it all on my own
And each time I failed it made me feel twice as alone
Then I cried, "Lord there must be a sure and easier way
For it just cannot be that a man should lose hope every day."
Yes, I came to believe in a power much higher than I.
video no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=BtW-KB5T83A
download da música: http://www.4shared.com/file/172501230/9e1cdd18/07_-_Johnny_Cash_-_I_Came_To_B.html