terça-feira, 31 de março de 2009

Numa Tranquila Noite de Segunda Feira...

Meus amigos, parece que quanto mais a gente quer viver em paz, mais aparece gente bizarra pra atravessar nosso caminho. Vocês vão entender o que se passou comigo numa, até então, pacata noite de segunda feira pelas bandas do velho oeste recifense. O dia transcorreu na maior tranquilidade, acordei cedo, estava feliz porque o Náutico tinha vencido o Santa Cruz no Arruda ontem e eu tinha ido pro jogo, tinha dormido 8 horas de sono pesado e estava pronto pra encarar a nova semana que se abriu com a leitura do texto de Northrop Frye que seria debatido na aula do professor Anco Márcio, no período da tarde. Passei a manhã e a tarde entretido nos estudos, concentrado com as idéias e ao sair da aula, por volta das 16:50, sentei-me na frente do CAC a observar o belo movimento feminino, liguei meu mp3 nas melancólicas e profundas canções de Johnny Cash e fiquei ao sabor do tempo, esperando que meu amigo Tiago Perez passasse pela UFPE para a gente ir de carro no Shopping Tacaruna retirar os bilhetes pro Show do Iron Maiden que acontecerá hoje, dia 31, terça feira.
Acontece que a simples presença da Donzela de Ferro em nossa cidade parece que mexeu com os ânimos das pessoas, tornando-as mais agressivas que de costume. Ao ir de carro ao shopping, deixei minha bicicleta amarrada no bicicletário do CAC e na volta pra casa ainda pensava comigo: "Vou pra casa e deixar minha bike amarrada lá no CAC mesmo, amanhã eu passo e retiro-a, como ela está amarrada, mal nenhum haverá de ocorrer." Porém, quando já estávamos nos aproximando da minha vizinha UFPE, resolvi que deixaria de preguiça e levaria a bicicleta para casa, numa viagem que demora em média 5 minutos, apenas. No teatro da UFPE estava acontecendo um evento, provavelmente uma formatura, pelo desfilar de moças bem afeiçoadas em seus elegantes trajes noturnos, acompanhadas de seus grisalhos parentes. Venho eu na bicicleta, feliz por estar com meu ingresso pro show do Maiden, com a cabeça lubrificada (sem duplo sentido!) após um dia de leituras e debates, enfim, estava na melhor das situações. Resolvi dobrar minha bicicleta pelo mesmo caminho que habitualmente eu faço, peguei aquela ruazinha na frente da Biblioteca Central que vai terminar na porta do Teatro. O trânsito no local estava meio confuso, devido às pessoas que desciam do carro alí mesmo no meio da rua. Eu na minha bicicleta saio contornando os carros, até que já no fim da rua, no último carro, um palio weekend, passo com minha bicicleta na frente de um motorista raivoso que violentamente buzina atrás da minha bicicleta, colérico por ver uma bicicleta atravessar seu caminho. Me assustei com o barulho da buzina, mas continuei pedalando tranquilamente. Meus amigos, vocês nem imaginam como eu estava tranquilo!
De repente, o motorista não satisfeito em ter buzinado com violência na frente do teatro e ainda ter me conferido um susto, emparelha-se com a minha bicicleta, baixa o vidro do carro e profere a seguinte pergunta acompanhada da devida resposta. Escarnou o sujeito: "Sabe o que ia acontecer se eu te atropelasse alí atrás?" Antes mesmo que eu pudesse me assustar com aquela investida de um senhor magro, careca, de óculos e com ameaçadora alocução, ele continuou: "Eu ia manchar meu carro, seu babaca de merda!" Senhoras e senhores, pergunto-vos eu, mesmo que eu estivesse errado, estando eu numa bicicleta concorrendo em forças com o titânico veículo de metal, o senhor motorista em questão não poderia relevar tal fato? Além do mais, no momento que minha bicicleta cruzou sua frente, seu carro estava parado, tendo se movimentado no exato momento em que eu atravessava à sua frente e, segundo a lei geral do trânsito, o culpado é sempre quem bate atrás, pois esse tem a opção de frear. Antes mesmo que eu pudesse responder ao "cidadão", ele foi partindo e só deu tempo de eu gritar: "Eu sou ciclista e tenho a preferência." Pronto, o homem se foi em seu carro, crente de sua vitória na lorpa luta do trânsito. Acontece, meus amigos, que a justiça foi-me concedida antes mesmo que eu pudesse me desenganar. Voltaria para casa sendo xingado por um qualquer (vocês vão se espantar quando souberem quem é o qualquer!) e dormiria sem frustrações, afinal gente mal educada é o que não falta e eu mesmo não sou um exemplo de galhardia. O carro do xingador parou no trânsito das pessoas que precisam devolver o cartão do estacionamento. Não poderia perder a chance de dizer ao arrogante homem certas verdades. Emparelhei-me com o assustado condutor, joguei minha bicicleta, cadernos e sandália na calçada, parei o trânsito e o obriguei a descer. Até agora não sei ao certo como consegui me conter e não ter esbofeteado a face do homem que parecia latejar chamando minha mão: "bate-me que eu mereço!" Além do mais quando vi que o iria alcançar, só me vinha à mente a vontade de atolar uma pedra no carro dele, numa fúria digna dos trabalhadores da Metropolis. Xinguei-o violentamente. Ele disse: "Vou chamar a polícia!" Eu insisti que ele chamasse, logo a segurança da UFPE entrou em ação e eu continuei atirando os mais viscerais palavrões contra o careca na frente dos seguranças e eu possuído pelo furor, fazia questão de xingá-lo na frente dos seguranças e pedindo que ele anotasse um por um os nomes que eu o estava xingando.
Os seguranças começaram a inquerir quem éramos, afinal estávamos mobilizando boa parte da segurança da universidade e causando um tumulto inolvidável. O homem disse que era professor da universidade e eu estudante. No final das contas ele soube que eu sou estudante do mestrado de Letras e eu soube que ele é professor de Química Aplicada. Vou preservar seu nome dessa história aqui até pra evitar problemas, como diria minha avó: "Merda quanto mais mexe, mais fede." A minha grande surpresa foi ver que tal acontecimento se deu com um professor muito respeitado em seu curriculo lattes, com doutorado na Universidade do Texas e vários artigos escritos pelo mundo, em língua inglesa. Se ele quiser me cozinhar internamente na UFPE é um direito dele, mas espero que de cabeça fria, ele pense bem no que vai fazer, afinal ele que me agrediu primeiro ao insinuar que minha vida valeria menos do que uma avaria em seu carro. Num gosto nem de me lembrar. A verdade é que ele achava que ia sair como bacana na situação, ia xingar um zé qualquer que tava numa bike, ia arrancar em seu possante carro e ia dormir aliviado depois de tal episódio. Ele abandonou o local dizendo à segurança que ia à delegacia prestar queixa contra mim por danos morais. Também prestei queixa contra ele pelo mesmo motivo. Acho que no final das contas isso não vai dar em nada com a justiça, porém, meu único receio é que ele venha atrapalhar minha vida estudantil. Prefiro nem pensar nessa hipótese. Meu Deus, às vezes tenho vontade de lançar tudo à merda e ir me isolar em algum fim de mundo. No último concurso para professor do Estado cheguei a pensar seriamente na possibilidade de fazer a prova para a cidade de Buíque, ensinar em alguma escola rural e viver no meu cantinho. Talvez meus conhecimentos fossem mais bem aproveitados alí, onde tudo parece distante. Cada dia parece mais difícil conviver na cidade entre a complacência e a impetuosidade. Segue abaixo o meu Boletim de Ocorrência, onde vou omitir o nome do professor. Ah, hoje vou pro show do Iron Maiden! Acordei às duas da madrugada para escrever esse texto, despertei-me devido a um sonho, achava que tinha encontrado meu fusca andando por uma rua de Roda de Fogo, uma rua daquelas que só existe em sonho, numa mistura de várias imagens que formulamos. Eu encontrava um sujeito todo estranho que dizia que sabia onde meu carro tava... isso daria muito pano pra manga!


EU ESTAVA TRAFEGANDO PELA AVENIDA DOS REITORES NA UFPE QUANDO O SR. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, PROFESSOR DE XXXXXXXXXXXXXXXXXXX DA MESMA UNIVERSIDADE, POR MUITO POUCO NÃO ME ATROPELOU, ESTANDO ELE NUM PALIO WEEKEND ADVENTURE E EU NUMA BICICLETA. NA FRENTE DO TEATRO DA UFPE, NA CURVA EM FRENTE AO PORTÃO, O CARRO QUASE ME ATROPELOU. CONTINUEI TRAFEGANDO NORMALMENTE, APESAR DE ELE TER BUZINADO VIOLENTAMENTE CONTRA MIM. MAIS A FRENTE ELE EMPARELHOU O PALIO ADVENTURE LADO A LADO COM MINHA BICICLETA, BAIXOU O VIDRO E PROFERIU A SEGUINTE FRASE, LITERALMENTE: "SABE O QUE IA ACONTECER SE EU TE ATROPELASSE?" ELE CONTINUOU: "EU IA MELAR MEU CARRO DE MERDA, SEU BABACA!" RESPONDI PRA ELE QUE EU ERA CICLISTA E TINHA A PREFERÊNCIA NA SITUAÇÃO JÁ QUE O CARRO DELE NO MOMENTO DA CONFUSÃO ESTAVA PARADO. ENTÃO, MAIS À FRENTE, NA HORA DE ENTREGAR O CARTÃO DE CIRCULAÇÃO DA UFPE, FICAMOS JUNTOS NOVAMENTE E DISCUTIMOS CALOROSAMENTE, SEM ENTRETANTO, CHEGARMOS ÀS VIAS DE FATO. OS SEGURANÇAS DA UFPE INTERVIRAM NA SITUAÇÃO. QUERO DAR QUEIXA DA SITUAÇÃO CONTRA ESSE PROFESSOR PELO FATO DE ALÉM DE TER QUASE ME ATROPELADO, ELE AINDA ME AGREDIU MORALMENTE AO SUGERIR QUE MINHA VIDA VALIA MENOS DO QUE UM POSSÍVEL ARRANHÃO EM SEU CARRO. FICO INDIGNADO DE NUM PAÍS COMO O NOSSO TER QUE OUVIR DA BOCA DE UM PROFESSOR UNIVERSITÁRIO TAMANHA IRRESPONSABILIDADE.

4 comentários:

Mateus Costa disse...

QUE história hein.
Adorei seu blog, parabéns.
Mateus, Itapetinga-BA, Brasil

Jefferson Góes disse...

Putz, Dodô, que merda.
Relaxa, meu velho. Acho que não vai dar em nada. Todos que te conhecem sabem da tua índole magnânima e pacata. Não serás prejudicado. Bola pra frente!

Luciana Cavalcanti disse...

Provavelmente, o dito docente, do alto de um doutorado, acha que ele parou de cagar... Doutores cagam, meu velho... Olhe, é cada uma!!! E tiaLú jura que acredita na Educação...

Suaninha disse...

eu acho que sei que é esse filho da p... ai se eu tivesse do teu lado, dodo... tinha dado um tuft no óio desse mané (e ai, meu irmão: vamos ver quem vai se melar de merda agora, doutor otário!)