quarta-feira, 1 de abril de 2009

Nick Cave - coletânea por DJ Portanov

Hoje aprendi a fazer upload de arquivos meus para colocar a disposição de outras pessoas. Coisa muito simples, mas que até ontem eu fazia o maior bicho de sete cabeças. Agradeço ao amigo Juca (se alguém precisar consertar seu computador: www.jucasuporteinfo.blogspot.com) pela ajuda online na aniquilação dessa besta virtual. Hoje eu volto a falar de um dos artistas que mais prendem minha atenção, aliás, não é a primeira vez que falo sobre Nicholas Cave no meu blog. Esse cantor australiano, radicado na Alemanha e que já morou, inclusive, no Brasil. Sou um grande entusiasta deste artista que oscilou entre as trevas no melhor estilo Edgar Allan Poe até a aurora espiritual de Hermann Hesse.

Nick Cave começou sua carreira em 1977, ainda na Austrália, com a banda Boys Next Door, um grupo pós-punk onde jovens cantavam sobre suicídio, desespero, amor não correspondido e outros temas macabros. Depois formou seu segundo grupo, a banda Birthday Party. Sinceramente, os nomes dessas bandas não eram nada interessantes. Mas, em 1981, Nick Cave consegue juntar um time de músicos da primeira linha e vão ganhar o mundo, estava consolidado o grupo Nick Cave and The Bad Seeds, com músicos de idéias expansivas como Mick Harvey e Blixa Bargeld que possuem projetos paralelos valiosíssimos. Durante muito tempo insisti junto aos meus amigos que tentassem ouvir Nick Cave. Eu apaleva para a qualidade de sua poesia, para sua voz profunda, sua performance dramática. Depois de um tempo meus amigos chegavam para mim e diziam que não tinham gostado das canções, pois estas soavam depressivas ou eram alternativas demais, com berros, sussurros e outras coisas que afastam nosso artista da música pop. Eu concordo, em parte, com meus amigos, pois os discos dos anos 80 não são fáceis de serem entendidos em seu extremo realismo. Destaque nesse período para a música "The Mercy Seat", onde um condenado à cadeira elétrica grita através de Cave que está sendo morto injustamente.

A vinda de Cave para o Brasil em 1990 e o casamento com uma brasileira que rendeu um filho baiano para nosso amigo australiano, parece ter aberto uma nova perspectiva na sua carreira. As belezas e luminosidades tropicais parecem ter penetrado em sua arte e seus discos passam a ficar mais vivos, mais esperançosos, mais cadenciados. Essa é a fase que eu mais gosto. A partir de "Henry´s Dreams" de 1994 tudo se torna mais melancolicamente melódico. O último disco de Cave foi lançado no ano passado e chama-se "Dig Lazarus Dig!" e foi bastante premiado pelas revistas de música internacionais. Esse último álbum ainda não foi muito bem digerido por mim. Nick Cave tem vários projetos paralelos que transcedem suas atuações com os Bad Seeds, grava trilhas sonoras, atua no cinema, escreve contos literários (ainda não os encontrei) e está sempre colocando o peso de sua visão na escrita.

Pensando em vocês que visitam meu blog, hoje resolvi gravar uma coletânea onde até a sequência das músicas foi estudada, começando pelo diálogo entre um homem preso e sua mulher, chamada "As I sat sadly by her side", uma canção belíssima sobre a liberdade, embora vocês possam encontrar outros sentidos. Ainda destaco "To be by your side", canção gravada para o documentário maravilhoso sobre as aves migratórias (winged migration). Ainda teremos a versão de "Let it be" dos Beatles, o dueto com PJ Harvey em "Henry Lee", a paixão levada ao extremo em "Love Letter" e "We came along this road". Ah, meus amigos, eu sou suspeito para falar! Fiz essa coletânea com as músicas que considero mais belas, também são aquelas que compreendem a fase de 1994 até o presente. Para quem tentou ouvir e achou estranho (Diogo Luna e Rodrigo Peixoto) aquí vai um pedido: que tal uma segunda chance? Musicar poesias não é uma tarefa fácil, mas acredito que Cave seja o mais competente entre os artistas da atualidade. Há quem diga que Nick Cave constantemente visita o Brasil e que já foi visto no carnaval de Olinda há uns 10 anos. Porém, como ele não é muito conhecido da população e aparece sem fazer alarde, poucos são os que sabem de suas chegadas e saídas. Ontem, assisti o show do Iron Maiden e realizei um sonho dos meus 18 anos. Hoje, com os 28 batendo na porta, um show de Nick Cave seria uma experiência inesquecível. Pelos vídeos do youtube vemos que suas performances ao vivo são arrebatadoras, variando entre a afetuosidade e a vivacidade.

Deixarei o link abaixo e tenho uma notícia para os acompanhantes do blog. Para quem não sabe, este blogueiro ataca de DJ em festinhas pela nossa capital sob a alcunha de Portanov, um dj que "nie govorit po-portugalski". Agora que aprendi a fazer uploads, vou fazer coletâneas das festas em que sou chamado para "animar". Aliás, se alguém conhece um dono de um bar bacana que está precisando de um DJ prá colocar som numa segunda-feira ou terça, sem obrigação de ter que animar gente bêbada, estou a disposição. Tenho muitos sons de música folk, world music, rock and roll. Nada muito convencional. Bons foram os tempos em que eu botava som no Garagem nas madrugadas de terça para quarta-feira, enquanto a cidade dormia seu operário sono, algumas almas angustiadas se expremiam naquela escuridão para ouvir um bom rock and roll. Acredito que hoje meu repertório esteja melhor. É isso, era para ser uma postagem rápida, mas eis que acabei me alongando. Fico devendo uma postagem para comentar o show do Iron Maiden ontem no Jockey. Por hoje é só, tenho o que estudar ainda nessa noite. Saudações a todos!

Nick Cave by DJ Portanov: www.4shared.com/file/96272945/635313f0/Cave_para_Iniciantes.html

Nenhum comentário: