segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Náutico, Contra Tudo e Contra Todos!


Era ano de 1994, encontrava-me na sétima série do saudoso Marista, quando comprei minha primeira camisa alvirubra ao colega de classe, Diogo (um dos responsáveis pela volta da Timbucana atualmente), que era membro da Torcida Jovem Fanáutico, onde também me ingressei a partir desse ano. No ano de 1994, o Náutico estava sendo rebaixado da primeira para a segunda divisão o que garantiria aos próximos anos, períodos de imensas turbulências financeiras e desmotivação da torcida. Lembro que em 95, o Náutico foi enfrentar o Moto Clube/MA e o time era uma bagaceira. O então repórter da Rádio Clube de Pernambuco, Alfredo Martinelli dramatizava na resenha da noite para convocar a torcida pro jogo que seguiria. Dizia ele: "Atenção torcedor alvirubro, essa é a hora de ajudar o clube, nos momentos difíceis. É a hora de segurar na alça do caixão." Ao ouvir tamanha dramaticidade, disse a minha mãe que ia na casa do meu primo, Paulo Emílio, que morava aqui no Engenho do Meio, e fui, sozinho, então com 14 anos, para assistir o jogo. O Náutico venceu por 3x2 perante menos de 2 mil torcedores no antigo Estádio dos Aflitos.


Seguiram-se os anos e o Náutico continuava a se esforçar, por duas vezes quase subiu para a primeira divisâo, 96 e 97. Campeonato pernambucano, éramos fregueses do bom time do Sport. Quando o jogo era na Ilha do Retiro eu rezava para perdermos de pouco, pois enquanto o Sport contava com Leonardo, Bosco, Nildo, Jackson... o camisa 10 do Náutico era Mizinha. Que disparidade, meu amigos. Mesmo assim, eu ia pra Ilha. Aliás, bons tempos em que o futebol era bem menos violento. Nesse tempo eu era da Fanáutico, cheguei a ser diretor de relações públicas da torcida, entre 96 e 98. Torcida Organizada era lugar de jovens apaixonados, não de marginais, como hoje.


Resolvi postar sobre o Náutico hoje, por causa do jogo de ontem contra o Santos FC, onde escapamos pelo segundo ano da degola na primeira divisão. O Náutico de hoje está anos-luz à frente daquele que aprendi a gostar. Em 97 fui para um jogo do campeonato pernambucano contra o Vitória que tinham menos de 500 torcedores nos Aflitos e nosso goleiro era o grandioso Roberval, o ladrão de chocolates. Dava pra xingar o jogador e ter a certeza que ele ouvia. O Náutico não tinha centro de treinamento e nosso time de juniores não ganhava um título há quase 30 anos. Sempre ouvi falar que a torcida do Náutico entra no estádio em cima da hora pra manter a tradição de timbus e "encher a lata" do lado de fora. Que nada. A nossa torcida só entrava em cima da hora porque nosso time de juniores era mal presságio para a partida principal.


E o nosso estádio? Nossa, quantos anos sem uma reforma! Era chamado, justamente, de "balança, mas não cai". Hoje em dia, o Estádio Eládio de Barros Carvalho ainda carece de aprimoramentos, mas como está arrumadinho! Ampliou a capacidade, os banheiros são limpos (coisa rara nos outros estádios de Pernambuco), a sede está sempre ordenada e bem pintada... enfim, dá gosto de ver.


O que me motiva a escrever é localizar onde houve essa mudança de mentalidade na torcida e nos dirigentes do Náutico. Para mim, tudo ocorreu por etapas. A primeira tentativa de organização veio com o Presidente Márcio Borba em 1996 e o diretor Raphael Gazzaneo. Estes começaram, utopicamente, a reformar os Aflitos e promover uma modernização da marca. O segundo salto significativo ocorreu no ano do Centenário do clube, em 2001. A partir de então, o clube se uniu e não separou mais. O resultado foi a criação do Centro de Treinamento na Guabiraba e o fortalecimento e profissionalização do futebol.


Ontem, quando o Náutico escapou do rebaixamento ficou nítido que o que nos mantém na primeira divisão é a própria união da torcida e diretoria, porque se dependesse de quem comanda o futebol brasileiro, estaríamos fora da elite. Recebemos a menor quota. Enquanto o Náutico recebe 5,5 milhões, outros que disputam a mesma competição recebem 40 milhões. E mesmo assim, o Timbu enfrentou-os com dignidade pelo segundo ano consecutivo. O Náutico de hoje é muito diferente daquele que aprendi a amar. A torcida multiplicou, nosso menor público na Série A foi de 11 mil pessoas. Enquanto em 97, quando apareciam 4 mil alvirubros, era motivo de festa! Para muita gente, valorizar a permanência na primeira divisão é pensar pequeno, mas para quem viu de perto o que eu vi (e olhe que não sou velho, tenho 27 anos!) sabe que o Náutico cresceu bastante nos últimos anos e a nossa fé é que continue assim. Cada ano que ficamos na primeira divisão nossa quota aumenta e hoje em dia nosso time de juniores, que nos acostumou ao saudável hábito de beber cachaça antes do jogo, é motivo de orgulho para a torcida. Olhando para trás, confesso, sinto saudades. Não que seja masoquismo, longe disso, mas aqueles 2, 3 mil que estavam segurando na alça do caixão estavam ali não pelos "craques", nem porque era moda torcer pelo Timbu, muito menos pelas instalações do "Balança mas não cai", estavam pelo amor às cores: vermelho de luta e branco de paz. Valeu Náutico. Mais um ano na Série A, e que assim seja sempre!

6 comentários:

Anônimo disse...

Putz... ainda me lembro do timba na terceirona. Com um atacante chamado Célio Jacaré... me lembro também de jogadores primorosos como o goleiro Mica, Pirata, Barros, Cafezinho... haha tempos nebulosos. Acompanhei esses mesmos momentos tristes. Me lembro do truculento presidente Josemir Correa afundando o timba ainda mais. Tenho saudade também, apesar de ter sido barra ver os colegas de escola ganhando títulos enquanto o Náutico brigava na justiça para não botar a sede à venda por conta de dívidas trabalhistas. Foi duro ver o Náutico ganhar na marra a Copa Finta contra o CRB haha
Dodô, o balança mais não cai não seria o antigo placar? Abração e continue escrevendo boas histórias!

Dodô Fonseca disse...

O Balança era o placar também, mas aquelas arquibancadas de dois andares que ficavam atrás dos gols, também eram... hehehe!

Anônimo disse...

Bote fé! Muito tosco o estádio... tá bem melhor.. mas o tempo de tomar limonada 'bem gelada' e comer pipoca enquanto assistia as peladas era massa! Abç

jeffersongoes disse...

Sou rubro-negro, mas estou feliz pelo Náutico.

Anônimo disse...

rapaz q excelente ver um texto massa sobre o nautico, sou carente disso, e aceito dicas e recomendaçoes, ja q procuro bons textos sobre o nautico ja ha bom tempo.

E sobre 1994, realmente lembro muito, pois foram as ultimas partidas que fui do grande timbu, pelo menos sou pe quente, Fui em jogos com vitorias naquela pessima campanha, contra fluminense e cruzeiro.

Ah quanto a ser pe quente, os jogos q vejo na tv o nautico ganha, uma amiga ja dizia:
Se os diretores do nautico souberem de vc, te contratam pra ser torcedor amuleto.

Timbuzão disse...

Parabéns pela postagem. Muito bom vermos esses exemplos de amor e perseverança da nossa torcida.