quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Na Fronteira

Quem pode dizer que estrada é esta na foto ao lado? Em que país se localiza este montanhoso terreno cujo caminho se abre para a passagem humana?

Noutras oportunidades já tive a chance de dizer-vos do prazer que sinto em observar as imagens de lugares distantes, das paisagens longínquas. Na casa do meu avô, Emílio, tinha uma coleção completa da Enciclopédia Mirador, e sempre ficava a admirar os países: fazia relatórios sobre as principais cidades, montanhas, rios, mares e tudo que uma enciclopédia por fornecer de material para uma criança curiosa.

Não por acaso, o título do blog é Céu Sem Fronteiras. Tento, na medida do possível, aproximar o mais distante dos recantos para o cotidiano dos visitantes. Gostaria de viajar para longe, visitar os lugares que admiro apenas por fotografias e informações de leituras que variam dos romances às revistas geográficas. Confesso que Paris, Londres, Berlin, Nova Iorque... não são lugares que me atraem. Gostaria mesmo era de conhecer a Armênia, Geórgia, Tadjiquistão, Mongólia...

Um belo dia resolvi, através do Google Earth seguir uma estrada que cruzava todo o Turcomenistão até chegar na belíssima capital, Ashgabat, com seus minaretes de ouro e palácios suntuosos. A capital dos turcomenos fica na divisa com o Irã. Não pensei duas vezes e resolvi continuar a viagem, recolhendo fotos e informações sobre a geografia acidentada do local. Assim que saímos do Turcomenistão e entramos no Irã entramos numa cadeia abrupta de montanhas que, certamente, no decorrer dos séculos, serviu de fronteira entre os iranianos e os tártaros. A estrada é belíssima e continua até chegar ao planalto e encontrar outras estradas e cidades. Parei de acompanhar...

A foto exibida acima é de uma estrada logo que se passa da fronteira turcomena e chega-se nas montanhas iranianas.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Os Herdeiros de Lampião


Jornais e periódicos representam a circulação da verdade numa metrópole. Eles difundem os acontecimentos banais, os programas de governo, as ações policiais e os mais variados temas da sociedade, desde os buxixos da high society até as empresas armistícias das superpotências internacionais. Mas, nos últimos dias, surpreendeu-me a ausência de uma notícia nos grandes jornais de nossa cidade. Excepto pela veiculação em um pequeno periódico de um bairro da zona zul, não teríamos acesso a tão questionadora notícia. Trata-se do espancamento de um turista paulista na nossa cidade, ocorrido no último sábado à noite, mais precisamente no bairro de Boa Viagem.

Segundo o periódico de pequena circulação, um jovem de 17 anos, oriundo da capital paulista, estava no Recife a passeio, estava com os pais num hotel localizado na beira-mar do bairro de Piedade, quando resolvera que visitaria uma das boates da zona sul recifense. O rapazola resolvera ir caminhando pela orla para apreciar a brisa noturna, já havia percorrido cerca de dois quilômetros, quando foi surpreendido por uma kombi branca donde desceram três homens encapuzados e o colocaram dentro do veículo, rodando consigo por cerca de 40 minutos. Ainda na kombi, o jovem teve sua boca vedada por esparadrapo usado para ligar materias como madeira e alumínio. Ainda dentro do veículo, começou a ser torturado, sendo colocado no chão do veículo e tendo o rosto pisado por três homens que encontravam-se na parte da trás do carro, que ainda contava com o motorista, obviamente.

Ao final do macabro passeio, o mancebo foi levado para uma humilde residência com os olhos vendados. Colocaram-no numa cadeira e iniciaram uma sessão de tortura que entre outras coisas, contava com perfurações na barriga e nas costas, por objetos cortantes como faca peixeira, alicates e chaves de fenda. O rapaz contorcia-se de dor. Pequenos rios de sangue corriam de seu corpo. Todos os movimentos dos algozes eram desferidos com tranquilidade e maestria, de maneira que o rapaz não viesse a desfalecer pela dor, tendo em vista que estivera durante todo o tempo, com a boca selada. O rapaz olhava sem entender os carrascos que deixavam à mostra apenas os olhos. O jovem ainda levou uma pancada na boca com uma frigideira velha, começou a engasgar-se. Tiraram-lhe a venda da boca com a promessa de que se fizesse qualquer barulho seria morto ali mesmo, na hora, que nem caldo de cana.

A boca do rapaz estava toda vermelha de sangue, deve ter perdido os dentes dianteiros. Chorava como uma criança pequena, escorrendo aquela baba vermelha em seu peito branco. Clamava que parassem e era atendido com mais bofetadas de frigideira, contra a boca, contra o nariz e os olhos. No canto da casa de taipa, um fogo improvisado ardia há cerca de meia hora. Dourando em sua flama, uma colher de pedreiro. O jovem rapaz teve novamente a boca amarrada com força. Um dos algozes retirou a colher de pedreiro em brasa e dirigiu-se em direção ao turista. Sussurrou ao seu ouvido: “Você vai dizer na sua terra que toda vez que um nordestino for torturado no sul, os turistas receberão castigo dobrado aqui.” O rapaz com os olhos esbugalhados de medo, chorava silenciosamente enquanto a colher de pedreiro se aproximava de seu delicado peito. Ao encostar, um chiado de carne queimando foi escutado. O terrorista rapidamente tatuou no peito do moço as iniciais "HL". Ao final, o rapaz estava desfalecido.

Colocaram-no na kombi. O rapaz respirava, mas estava desacordado. A kombi seguiu pela madrugada silenciosa, os homens vestidos de quimonos pretos não foram importunados pela policia ou qualquer tipo de agente burocrático. Deixaram o moço desfalecido num terreno baldio próximo ao Hospital da Aeronáutica. Seguiram viagem. No outro dia, o delegado reuniu-se com o desesperado governador e a família do mancebo, procurando uma maneira de abafar o caso, pois traria prejuízos inimagináveis para a política turística do Estado. O delegado colocou todas as viaturas nas ruas a procurar por pistas e vestígios sobre os Herdeiros de Lampião.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Eleição e Democracia

No próximo domingo ocorrerá a grande festa da democracia, motivo pelo qual nossos governos se inflam e se assanham em discursos calorosos na defesa dos ideais da maioria, pelo bem estar social e pelo direito dos cidadãos desfavorecidos. Realmente, parece que nos meses que antecedem as eleições democráticas, uma onda cristã de igualdade e amor toma conta dos nossos espirituosos políticos. Eles concedem espaço para os mais humildes dos seres humanos se pronunciarem, abraçam crianças doentes em hospitais, velhos leprosos e beijam a face putrefata da miséria com o mais ardoroso carinho.

Assim como os pastores em suas igrejas comerciais, os políticos também se agarram a um deus salvador, o deus da democracia. Mas, que tipo de vantagem pode encontrar um ser que por essência é vaidoso e egoísta em dividir os direitos do poder com a população em geral? Não por acaso, o maior desafio de Cristo na Terra foi pregar a igualdade entre os seres, sabendo que nós somos os mais sovinas e invejosos dos seres vivos. Sua missão até hoje é um mistério, visto o número de pessoas que se apossam de suas palavras para aumentar a gordura de vaidade social. Os políticos não amam os pobres e a democracia laica simplesmente por uma nova interpretação da doutrina cristã, mas porque o povo, em sua imensa maioria, é uma massa ignorante e carente, tornando-se assim, isca fácil para as promessas e as ilusões vendidas. O povo atende com fulgor aos chamados de carreatas, passeatas e caminhadas pelas ruas dos bairros pobres ou do centro. Não porque acreditem na palavra salvadora do político, mas porque sentem um inefável prazer em estar próximo, caminhando lado-a-lado ao poderoso homem que todos os dias ocupa um espaço importante no horário nobre de suas vidas. Até que chegue o dia da eleição, o político seja eleito, e a promessa se torne, apenas, promessa.

O que vemos na política brasileira, a tão badalada Maior Democracia do Mundo, é uma única ideologia: do poder. Não se sabe o que é esquerda, nem direita, imagina-se que quem bota uma bandeira vermelha seja da esquerda, uma bandeira azul, da direita. Mas, os personagens que compõe esse quadro estão constantemente trocando de camisa. A única ideologia é a da vitória nas urnas e do desvio das verbas. Eu não quero participar desse espetáculo, embora seja obrigado a me deslocar da minha tranqüila residência, atravessar a rua entre milhares de pessoas desconhecidas e repugnantes, com falsos sorrisos nos lábios a pedir o voto para aquele candidato legal, com sorriso maquiado no santinho, colando no seu corpo durante a caminhada e mesmo você dizendo que já tem candidato ou que não vai votar em ninguém, muitos desses militantes insolentes ainda se sentem no direito de colar um adesivo no teu carro ou na tua camisa. Como os odeio!

Esse maldito voto obrigatório. Fico imaginando aquele cidadão exemplar, um jurisconsulto. Todos os meses entra no site da Câmara para verificar se seu bom candidato compareceu às sessões, se respondeu às suas expectativas, se votou aquilo que prometeu. Ao final de quase quatro anos, estabelece um rigoroso compêndio de anotações e decide que vai renovar seu voto naquele honesto deputado que honrou com o prometido na campanha anterior e é digno da sua confiança. Esse cidadão honesto, cumpridor dos seus deveres, conhecedor dos rigores da lei, respeitador da moral social, terá seu voto igualado com aquela senhora gorda e peituda que aprendeu a contar e a ler o número e o nome do candidato numa escolinha improvisada pelo parlamentar na semana anterior, onde a urna eletrônica fazia a vez de caderno e livro. Ganhou sete camisas com a foto e o número do candidato, para ela, o marido bêbado e desempregado e para cinco dos nove filhos que cria em seu barraco. No dia da eleição, arroxa contra o corpo adiposo aquela camisa e vai pedir voto, incomodar-me com seu palavreado escasso, sujar a rua com os santinhos arremessados contra os carros, gritar e fazer algazarra nas ruas. Os dois votos tem o mesmo peso. E acreditem, para muita gente entendida essa é a grande vitória da democracia.

Democracia esta que teve início com os gregos, mas que para aquele povo tão sábio não representava o direito para toda e qualquer pessoa, mas para aqueles que fossem capazes e provassem que tinham condições de escolher. Em São Paulo, acredita-se que o palhaço Tiririca será o deputado mais votado com quase 1 milhão de votos e levará consigo mais 5 deputados do escroto partido que o lança. Eu torço muito pra que isso aconteça! Que o inferno se instale! O palhaço Tiririca é o mais honesto dos candidatos: não sabe o que vai fazer, tampouco tem projeto, mas quer ser deputado para empregar seus parentes pobres que migraram do Ceará para “SumPalo”. Vejo as pessoas desesperadas fazendo campanha contra o palhaço, mas foram vocês que abriram a brecha pra ele e agora estão pedindo arrego. Não duvido que na próxima eleição saia candidato à presidência da República das Bananas.

Domingo é dia de darmos viva à democracia, dos amigos comunistas encontrarem o povo nas ruas, pois estes só sabem quem é o povo através dos livros ultrapassados e utópicos do velho marxismo. Será o dia de elegermos os palhaços de máscara e os travestidos de homens sérios. Sairei de casa para participar dessa festa porque sou obrigado, infelizmente, e sou um sujeito pobre que não pode se dar ao luxo de estar em desconformidade com a lei. Votarei nulo, pois é a única coisa que posso fazer por mim, já que pelos outros tem muita gente esperta querendo fazer.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Três Momentos de Aleksandr Herzen

Aleksandr Herzen foi um pensador russo de meados do século XIX que passou sua vida lutando pela independência de suas idéias, esquivando-se dos idealismos, tão em voga no esperançoso século XIX, tentando alertar a humanidade dos perigos de se entregar a teorias de libertação do espírito aprisionando-os noutro sistema tão opressor quanto. Fugitivo do governo russo, suas cartas e discursos entravam clandestinamente no país e eram motivos de debates acalorados por parte da intelectualidade da época. Sem abrigo em seu país e vendo a nau ocidental sacolejar por ventos desnorteados, nunca encontrou residência em ideologias utópicas, fazendo de sua independência intelectual, a única morada. Deixar-vos-ei com três passagens de Herzen, as quais me identifico por completo, razão pela qual divido com vocês, nesses tempos inflamados de eleição em que se costuma cair em cada conto de vigário...

Sobre as Massas:

“As massas querem manter a mão que descaradamente rouba-lhes o pão que adquiriram. (...) Elas são indiferentes à liberdade individual, à liberdade de expressão; as massas amam a autoridade. Ainda estão ofuscadas pelo brilho arrogante do poder, sentem-se insultadas pelos que ficam sozinhos. Por igualdade, elas entendem igualdade de opressão (...) querem um governo social que aja em seu benefício e não, como o atual, contra ele. Mas, governarem-se a si mesmas não lhes entra na cabeça.”

Sobre os Franceses:

“Não existe uma nação no mundo que tenha derramado tanto sangue pela liberdade quanto a francesa, e não existe povo que a entenda menos, que menos tente dar-lhe realidade (...) nas ruas, nos tribunais, em suas casas. Os franceses são o povo mais abstrato e religioso do mundo; o fanatismo das idéias entre eles vem acompanhado pela falta de respeito pelas pessoas, do desprezo pelos seus vizinhos – os franceses convertem tudo em ídolo do momento. Os franceses lutam como heróis pela liberdade e, sem pensar muito, arrastam a pessoa para a cadeia, se ela não concordar com a opinião deles. (...) O despótico salus populi e o sanguinário e inquisitorial pereat mundus et fiat justitia estão gravados da mesma forma na consciência dos monarquistas e dos democratas, (...) leia George Sand, Pierre Leroux, Louis Blanc, Michelet, e você vai encontrar por toda a parte o cristianismo e o romantismo adaptados à nossa própria moral, por toda a parte o dualismo, a abstração, o dever abstrato, virtudes impostas e uma moral oficial e retórica sem nenhuma relação com vida real.”

Sobre a História:

“Parece desnecessário citar exemplos, existem milhões deles. Abra qualquer história que quiser e o que é impressionante (...) é que, ao invés de interesses reais, tudo é governado por fantasias e interesses imaginários. Olhe o tipo de causas pelas quais derrama-se sangue, pelas quais as pessoas suportam sofrimentos imensos, olhe o que é louvado e o que é censurado, e você se convencerá de uma verdade à primeira vista triste – uma verdade que, após reflexão, é plenamente consoladora, a de que tudo é resultado de um intelecto perturbado. Onde quer que se olhe no mundo antigo, a loucura se encontrará quase tão generalizada como em nosso mundo. Aqui está Curtius atirando-se dentro de um poço para salvar a cidade. Ali um pai sacrifica sua filha para conseguir ventos favoráveis, tendo encontrado um velho idiota para matar a pobre menina para ele, e esse lunático não foi trancafiado, não foi levado para um hospício, mas foi reconhecido como sumo sacerdote. Acolá o rei da Pérsia manda açoitar o oceano, sem entender o absurdo do seu gesto, como tampouco seus inimigos atenienses, que queriam curar o intelecto e o entendimento dos seres humanos usando a cicuta. Que febre pavorosa foi a que levou os imperadores a perseguirem o cristianismo? (...)

E depois que os cristãos foram dilacerados e torturados por animais ferozes, eles mesmos, por sua vez, começaram a se perseguir e se torturar entre eles com mais fúria do que tinham sido perseguidos. Quantos alemães e franceses inocentes morreram assim, sem absolutamente nenhuma razão, enquanto seus juízes dementes achavam que estavam simplesmente cumprindo seu dever, e dormiam tranquilamente a poucos passos do local onde os hereges estavam sendo queimados até à morte.”

“A história é a autobiografia de um louco.” Herzen.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Uma Lembrança Furtiva

Isaiah Berlin falava da relação de Tolstói com Schopenhauer, de como o segundo havia influenciado o escritor russo, autor do monumental Guerra e Paz. Que o choque da ilusão do livre-arbítrio com a realidade das leis irretorquíveis que governam o mundo, constituem a maior tragédia da vida humana para ambos os escritores. A leitura prossegue em direção a Stendhal.

Há umas cinco linhas já não compreendo nada. O ventilador, mau contactado na tomada, liga e desliga de quando em vez. Antes que o mormaço me incomode, o motor dá um solavanco e volta a funcionar. O barulho produzido pela volta do funcionamento do aparelho eletrodoméstico me faz lembrar, não sei por que razão, do motor de um ônibus de viagem, trocando de marcha na madrugada, numa região indeterminável do interior da Bahia, entre Jequié e Vitória da Conquista. O ônibus cheio, num quase silêncio, às três horas da madrugada. Apenas o barulho de uma marcha de força. Provavelmente estamos atrás de um caminhão subindo um aclive qualquer de estrada.

Da janela, um espetáculo irresistível para o olhar recém despertado. Uma multidão de estrelas, infinita constelação. Com o rosto grudado na janela do ônibus, observo algumas quase a descer e tocar o chão. Estrelas de todos os tamanhos, brilhos, agrupadas. Como alguém pode identificar um desenho entre tantas? Como não criar desenhos entre tantas? Nunca tinha visto uma quantidade tão grande. E o que mais me impressionava era que algumas pareciam descer, como se fossem lâmpadas penduradas por uma haste invisível vindas do céu. Por um instante, pensei em reproduzir aquele espetáculo num imenso galpão de majestosas proporções, completamente escuro, com um teto altíssimo e hastes de diferentes tamanhos dependurando-se até próximo do chão, num simulacro do firmamento, onde nessa madrugada mesmo, eu pudesse abrir a porta do quintal de casa e me abrigar naquele galpão...

Assim como Rousseau, Tolstói costumava idealizar a terra e seus cultivadores. O mito do “bom selvagem” e o valor da vida familiar, a superioridade da emoção sobre a razão e uma vitória da moral sobre a virtude estética.

domingo, 5 de setembro de 2010

Stalker

"Que se cumpra o idealizado.
Que acreditem.
Que riam das suas paixões.
Porque o que consideram paixão,
na realidade,
não é energia espiritual...
mas apenas fricção entre a alma e o mundo externo.
O mais importante é que acreditem neles próprios
e se tornem indefesos como crianças.
Porque a fraqueza é grande,
enquanto a força é nada.

Quando o homem nasce,
é fraco e flexível.
Quando morre,
é impassível e duro.
Quando uma árvore cresce,
é tenra e flexível.
Quando se torna seca e dura,
ela morre.

A dureza e a força são atributos da morte.
Flexibilidade e a fraqueza são a frescura do ser.
Por isso, quem endurece, nunca vencerá."