domingo, 1 de agosto de 2010

Carta de Proudhon a Marx


Marx lera o livro de Proudhon, O que é Propriedade?, e ficara entusiasmado com a vitalidade das palavras do socialista utópico. Resolvera convidá-lo para participar de uma reunião que visava juntar pensadores socialistas de todos os recantos. Proudhon recebe o convite e envia uma resposta para Marx. Diz o francês na carta:

"Colaboremos, sim, na tentativa de descobrir as leis da sociedade, a maneira como elas atuam, o melhor método de investigá-las; mas, pelo amor de Deus, depois de demolirmos todos os dogmatismos a priori, evitemos a todo custo a tentativa de instalar outro tipo de doutrina no povo; não caiamos na contradição de seu compatriota, Martinho Lutero, que, após derrubar a teologia católica, imediatamente dedicou-se à empresa de estabelecer uma teologia protestante, com um grande arsenal de excomunhões e anátemas. Há três séculos que a Alemanha vem se ocupando exclusivamente da tarefa como essa à humanidade. Aplaudo com entusiasmo sua idéia de trazer à luz toda a variedade de opiniões; façamos uma polêmica boa e sincera, mostremos ao mundo um exemplo de tolerância esclarecida e clarividente; mas não nos coloquemos, simplesmente por estarmos à testa de um movimento, na posição de líderes de uma nova intolerância; não nos arvoremos em apóstolos de uma nova religião - ainda que seja esta a religião da lógica, da própria razão. Saibamos receber, saibamos estimular todos os protestos; condenemos todas as exclusões, todos os misticismos; jamais consideremos uma questão encerrada, e, mesmo após esgotarmos nossos últimos argumentos, comecemos de novo, se necessário, com eloqüência e ironia. Com esta condição, terei muito prazer em participar de sua associação - caso contrário, não."

Essa carta se encontra no livro de Edmund Wilson, Rumo a Estação Finlândia, e infelizmente não tenho a data precisa, mas foi próximo da Revolução de 1848. Após esta resposta, Marx passou a atacar tudo o que Proudhon escrevia e revisou os elogios que fizera anteriormente.

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