quinta-feira, 11 de junho de 2009

O Dia dos Namorados

Há 3 meses, Augusto namorava Heloísa. Ah, essa é mais uma daquelas historinhas que vira música de Legião Urbana. Não, não, meus amigos! Augusto se amarra mesmo é em Victor e Léo. Aliás, foi no show desses cantores que ele pediu, oficialmente, Heloísa em namoro. Augusto é recém formado em Direito numa faculdade particular da nossa capital e Heloísa está no segundo período de Arquitetura no CAC. Jovens de boa família, brancos, corados, quase esportistas, lêem quatro livros por ano! Enfim, são o orgulho e esperança de um futuro promissor. Os pais de Augusto, que moram no bairro de Boa Viagem com o citado filho e uma filha, moça mais jovem, estão tão entusiasmados com o namoro que liberam o carro da casa, um Gol 2005 prateado, para que Augusto se apresente mais comodamente na casa da família de Heloísa, que mora no bairro de Casa Forte, oposto da cidade.

Nesse dia dos namorados, Augusto passou a tarde no shopping pensando num presente bacana que surpreendesse Heloísa. Afinal, em começo de namoro, os pombinhos se esforçam em mostrar seus dotes de intuição com relação ao gosto alheio. Indeciso e disposto a gastar 100 reais nos presentes, Augusto compra um perfume do Boticário e um cd de uma banda americana chamada Beirut, que ele ouvira na abertura de uma minissérie da Globo. Chegada a noite, Augusto se despede dos pais dizendo que iria visitar Heloísa em casa e que talvez voltasse tarde. Os pais, já sabendo do que se tratava, adiantaram que ele não tivesse pressa pra voltar. Augusto seguiu no carro pela Avenida Boa Viagem em direção ao Derby, todo perfumado, com o braço esquerdo apoiado na porta, ouvindo um cd de natiruts e se empolgando para a noite de núpcias tão desejada.

Augusto chega às 19h em ponto na frente do prédio de Heloísa. A jovem dama se apresenta ainda mais virginal aos seus olhos, ao descer num vestido de cores delicadas, maquiagem suave e o cabelo loiro derramando-se em caracol. Augusto sentira-se orgulhoso de possuir aquele belo rouxinol. Os pombinhos resolvem ir jantar e como já combinado, iriam comer sushi. Por que será que todo casal antes de copular tem que ir num restaurante comer sushi? Será afrodisíaco? Ou será que é uma comida leve, facilitando os movimentos pélvicos vindouros? Augusto estaciona o carro na frente de um famoso restaurante do bairro do Espinheiro. Desce garbosamente acompanhado de Heloísa. Trota como um garanhão em direção à porta do restaurante, quando o garçon pergunta, com toda a educação, se ele havia reservado alguma mesa à luz de velas. Augusto, um tanto embaraçado, diz que não reservou, mas que quer sentar-se numa das mesas. Porém, o garçon, ainda mais agradável, diz que é impossível, pois todas as mesas haviam sido reservadas e que a lista de espera era imensa. Num misto de vergonha e desprezo, Augusto decide procurar outro restaurante com Heloísa. O garçon se aproxima do carro e diz: "É porque hoje é dia dos namorados, me desculpe senhor." Augusto resolvera procurar outro sushi bar.

Augusto, envergonhado pelo ocorrido, convida Heloísa para comer num dos restaurantes mais chiques da cidade. Após aquele embaraço, ele não hesitou em consumir o salário que recebe no estágio numa noite só. Acontece que no restaurante chique, Augusto recebeu o mesmo revés. Heloísa se mostrava impaciente e Augusto cada vez mais maldisposto. Ainda tentaram mais dois restaurantes e todos estavam abarrotados de casais dispostos a saciar a carne em todos os sentidos. Passara das 20:40 e nossos heróis ainda não tinham encontrado um lugar para sua lambujem preliminar. Heloísa estava completamente indisposta e irritada com o recém namorado pelo rapaz ter se esquecido de reservar um lugar com antecedência.

Heloísa e Augusto tinham combinado, previamente, que aquela seria a primeira noite de amor deles e, seria frustrante para a provação de independência de ambos, voltarem para casa às 21h. Seria o fracasso perfeito. Augusto resolvera arriscar a sorte por Olinda e nada dava certo. Parou o carro e começou a chorar de raiva. Heloísa percebeu o estado de desconsolo do rapaz e disse: "Ah, Augusto, não fica assim. Você quer ir pra casa?" Augusto entrega os presentes ali dentro do carro e dá um beijo ardente em Heloísa. O clima entre os pombinhos esquenta e Augusto pergunta à Heloísa se ela queria ir para o local que combinaram previamente. Heloísa, com uma carinha matreira, mordeu os lábios e disse que sim. Augusto cantou pneu e partiu para o melhor motel que viesse ao caminho. Como estava em Olinda, foi para a perimetral.

Na primeira tentativa, o motel estava lotado e não haveria vagas nem tão cedo. No segundo e no terceiro motéis, a situação se repetiu. Partiu de carro para a Avenida Norte e Dois Irmãos. Novamente, o revés insistiu em perseguir nosso casal. Heloísa disse que queria ir pra casa. Era quase meia noite. Augusto ainda tentou forçar um sarrinho estacionando o carro embaixo de uma mangueira, alí perto da Universidade Rural, mas Heloísa coibiu suas avançadas, inclusive com empurrões. Augusto não queria acreditar que aquilo estivesse acontecendo, justo com ele. A namorada pedia que a deixasse em casa, enquanto ele pedia paciência, que achariam um lugar perfeito. Sugeriu ir à praia, mas a noite nublada, não atraía Heloísa, que resolutamente, pediu que se dirigisse pra casa ou pegaria um táxi, ali naquele breu.

Augusto deixou Heloísa em casa, remarcando o encontro para o próximo dia. Pediu desculpas ao seu amorzinho e prometeu que amanhã seria perfeito. Heloísa o beijou e subiu as escadas da guarita do prédio. Na volta, enquanto pensava em chamar alguma garota de programa para o aconchego da noite, Augusto aprendera que no dia dos namorados não se deve sair de casa sem ter reservado antecipadamente o shushi e o motel. Não encontrara nenhuma garota de programa decente àquela hora. Todas estavam com seus namorados ocupando o motel que Augusto não conseguira entrar. Foi dormir desiludido, contentando-se com o cheiro de Heloísa na sua camisa. Quem sabe no próximo dia, pensava. Mas, ao acordar, no seu celular tinha uma mensagem de Heloísa que não mais a procurasse, que estava tudo acabado. Heloísa tomara repugnânsia de Augusto. Depois desse dia, Augusto passara a odiar os sushi bares e a noite do dia dos namorados.

p.s.: qualquer semelhança com os nomes dos personagens é mera coincidência (é assim que aparece no fim da novela?).

3 comentários:

Unknown disse...

ahahahaha
adorei Dodo...pobre Augusto, joga ele la em casa ahahahahaha

Visualizador disse...

AHHAHAHAHHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHHAHAHAH

qual foi Dodô!!!!!

vai fazer oq nesse glorioso dia!?

André Raboni disse...

Ahhahahahhahahaha

Gugu, tomou na rima!