terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Timbu Coroado



Olá queridos visitantes do blog. Acho que vocês perceberam que voltei com gosto de gás: quatro postagens em três dias. Concordo que quantidade não é sinônimo de qualidade, mas espero trazer pra vocês assuntos dos mais relevantes, daqueles que tornam vocês orgulhosos de serem meus amigos, mesmo que virtuais. O assunto do dia tem se tornado bastante frequente por aqui e nas esquinas recifenses: é o velho e bom carnaval. Hoje, gostaria de falar sobre a troça carnavalesca mais antiga (que ainda está em atividade) da cidade do Recife, é o Timbu Coroado. Troça que desfilou pela primeira vez em 1934 (já já eu conto a história) e ainda hoje agita as ruas do bairro dos Aflitos no domingo de carnaval. Por minha devoção ao carnaval das ladeiras de Olinda, nunca brinquei o carnaval do Timbu, mas prometi que desse ano não passa, no domingão de manhã estarei por lá, bebendo cachaça (como um bom timbu) e dançando frevo. Aliás, tudo isso merece uma melhor explicação.




Para quem mora longe do Recife e não sabe a origem de tudo isso que estou falando, vou detalhar melhor. O timbu é um masurpial facilmente encontrado na beirada dos rios e, sendo nossa cidade um estuário, é muito comum encontrá-lo nos bairros onde o saneamento deixa brechas, por exemplo na Várzea do Capibaribe. Assim como se come carne de tatu, de faisão, de gato (vai dizer que nunca comesse um espetinho de gato no carnaval?!), também se come a carne do timbu. E a maneira de se caçar o nosso querido mascote é muito simples: coloca-se um pires com cachaça e o masurpial vem rapidinho, bebe e fica tonto, sendo facilmente caçado. Então, sempre que alguém queria chamar uma pessoa de bêbado, pingunço ou qualquer outro sinônimo (e olhe que a variedade é imensa) chamava-se de timbu. O timbu é o mascote do Clube Náutico Capibaribe, o que enche de orgulho nossa torcida, pois ao contrário dos nossos rivais, nosso símbolo é original, além de homenagear um dos hábitos mais saudáveis que existe: tomar a velha cachacinha (e se tiver um caju, melhor ainda). Enquanto o nosso maior rival em Pernambuco resolveu adotar o leão como símbolo e assim tem que dividir a majestade com tantos outros clubes do Brasil (Remo, Fortaleza, Vitória, Portuguesa, Avaí...), o Náutico adotou um mascote original, que não se destaca pela força nem violência, mas porque gosta mesmo é de ver o mundo rodar. O Náutico é famoso por ser um clube de origem aristocrática, porém é comum a gente passar por um daqueles botecos caindo aos pedaços e encontrar aquele papudinho, com o olho torto e vestindo uma camisa surrada do Náutico e vá perguntar a ele se ele torce pelo timbu porque é o clube aristocrático. Sua resposta será simples: eu sou timbu!




Tudo começou no ano de 1934, quando o Náutico ia jogar uma partida decisiva, um clássico, com o hoje agonizante, América, da Estrada do Arraial (conhecido como o Clássico da Técnica e da Disciplina). O Sport para ser campeão necessitava que o Náutico não vencesse o América e sua torcida se misturou à torcida do esmeraldino da zona norte e ficaram "agorando" o clube alvirrubro. Ao final do primeiro tempo, o jogo estava 1x1 no antigo estádio da Jaqueira, chovia na capital pernambucana. Um diretor do Náutico entra no gramado com uma garrafa de Cinzano e pede que os jogadores esvaziem o litro da bebida. O diretor dizia que a equipe estava fria, sem ímpeto e, precisava acordar em campo. Imediatamente, a torcida do Sport e do América começaram a gritar: Timbus, Timbus!! O segundo tempo recomeçou e a tática do diretor deu certo, o Náutico venceu o América por 3x1, ganhou seu primeiro título estudual e os jogadores e torcedores gritavam pelas ruas da cidade: Timbu, Timbu!! Para comemorar tal feito, os torcedores resolveram criar um bloco de carnaval, o Timbu Coroado, que desde então desfila no carnaval pernambucano.




A relação entre o Náutico e o carnaval é bastante estreita. Não bastasse o hino do Timbu Coroado ser escrito por Nelson Ferreira (maioral do carnaval), este também presenteou o clube da Avenida Rosa e Silva com um frevo instrumental chamado Come e Dorme, em homenagem aos jogadores reservas do hexa, que não precisavam fazer mais nada e, este hino foi, durante décadas, o hino oficial do Náutico. O Náutico está no guiness book como sendo o clube do mundo que tem mais músicas gravadas em sua homenagem: são mais de 250 frevos! Isso sem contar esses funks e raps de torcida organizada (deixa isso pros rivais mesmo). Na verdade, o que mais me encanta no clube alvirrubro não é sua origem aristocrática e sim o ludismo que permeia toda a essência timbu. Nosso clube não precisa ter a maior torcida, nem o maior número de títulos, o torcedor do Náutico é feliz por ser o que é: um timbu!




Hino do Timbu Coroado:
Composição: Nelson Ferreira



O nosso bloco é mesmo enfezado


É o Timbu, é o Timbu Coroado


Desde cedinho já está acordado


É o Timbu, é o Timbu Coroado


Entre no passo


Que o frevo é de amargar


Pois a turma é muito boa


E no frevo quer entrar


Não queira bancar o tatu


Eu conheço seu jeito, você é Timbu


Esse negócio de casá, casá, casá


É negócio pra maluco


Pois ninguém quer se amarrar


Timbu sabe isso de cor


Casá pode ser bom, não casá é melhor


N-Á-U-T-I-C-O


Todo mundo vai saber isso de cor!




obs: quem quiser baixar o hino do Timbu Coroado tá no final dessa página da NáuticoNet.


5 comentários:

Miranda disse...

Isso é uma história bonita da porra! Ahhh como eu queria tomar uma e ir ao jogo do timba haha Aquele abraço!

Visualizador disse...

Quase eu viro a casaca agora...
Mas ainda assim prefiro a cobrinha colorida.

Unknown disse...

Que lindo!! Vou ver se consigo copiar p/ dar essa história para Ju ler.

Ihago Allech disse...

vai torcer para um time de tradição rpz!!!!!!
se for de historia bonita não se vive se vive de titulos quantos brasileiros seu time tem?
o vascão tem 4 e ainda de sobra um alibertadores!!!

glauber disse...

que bom ver novamente o nautico nas noticias do blog, garanto que agora fiquei maluco de vez: TENHO QUE IR PRO CARNAVAL MESMO!!!


E quanto ao comentario ai de cima de IHAGO: rapaz com certeza mais digno é torcer pra um time de sua terra, de seu local habitado, do que pra um time do qual o unico elo é a TV que sempre mostra seu time pra todos os cantos do país.