terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Bom Momento do Futebol Russo


Nos últimos dias, estive a pensar em criar um blogue que falasse somente sobre o futebol russo. Pra quem acompanha este pequeno terreno virtual sabe que todos os caminhos conduzem às estepes russas. Aproveitando o bom momento vivido pelos clubes russos e por sua seleção nacional, pensei: "Por que não criar um blogue?" Um pequeno projeto para janeiro, se o destino aprouver. Mas, vamos ao que interessa! O que me motivou mesmo a escrever sobre o futebol russo foi a passagem dos seus quatro times às fases decisivas das competições europeias. Pela Liga dos Campeões, CSKA e Zenit (ambos ex-campeões da antiga Copa da UEFA na década de 2000) se classificaram para as oitavas de final da Champions. Pela Liga Europa (antiga Copa da UEFA, os tártaros do Rubin e os moscovitas do Lokomotiv, também garantiram ingresso nas fases decisivas.

Certa vez, um torcedor do Arsenal, ao protestar contra a compra de parte do patrimônio do clube pelos empresários norte-americanos reclamou com uma frase que simboliza a era super profissional do esporte bretão: "Antigamente, era futebol e um pouco de dinheiro. Hoje é dinheiro e um pouco de futebol." Sábias palavras do torcedor inglês. Ainda na década de 1980, clubes podiam despontar no cenário mundial, com os brios de atletas regionais e fazerem a fama épica de sua labuta futebolística. O escocês Aberdeen foi campeão da Recopa em 1983 com um time formado por jogadores escoceses da região, liderados por Sir Alex Ferguson, batendo o todo poderoso Real Madrid. O Nottingam Forest foi campeão da Liga dos Campeões em 1979 da mesma forma. E outros exemplos existem da época do futebol romântico. Hoje, sem o apoio financeiro, fica difícil ter um campeonato nacional forte e equipes se destacando em competições continentais. O futebol russo entrou de cabeça na era dos mega-negócios esportivos. Os principais patrocinadores dos times russos são empresas de extração de petróleo e gás: Lukoil, Gazprom, Bashneft, além de outras multinacionais.

O Campeonato Russo está parado, devido às nevascas do período e só deve retornar no final de março, começo de abril. Quem lidera o campeonato é o forte time do Zenit, aquele que menos oscila. O Zenit dispõe de vários jogadores internacionais (os portugueses Dani e Bruno Alves, o sérvio Lazovic e o belga Lombaerts, são alguns exemplos), mas também tem vários jogadores russos de qualidade, destacando-se o centroavante de área, Bukhárov, atual centroavante da seleção russa, com todos os méritos, pois tem jogado melhor que a pseudo-estrela do Tottenham, Pavliuchenko. O Zenit também conta com o caldeirão do Estádio Kirov, localizado às margens do Golfo da Finlândia, em São Petersburgo. A equipe é treinada pelo italiano Luciano Spaletti.

Outro time russo muito forte e que está em segundo lugar no campeonato russo é o CSKA. Confesso que o time que mais simpatizo, além do Rubin. O CSKA é um time muito bem arrumado taticamente pelo treinador Leonid Slutsky. A base do time é toda russa, começando pelo goleiro titular da seleção, Akinfeev. A zaga conta com o titularíssimo da seleção,, Ignashevich, e os irmãos Vitali e Alexei Berezutsky. No meio de campo, a experiência de Aldonin, além das promessas Mamaev e Dzagoev, ambos vistos como o futuro meio-de-campo da seleção. No ataque, o excelente marfinense Doumbia e o nosso conhecido Vágner Love. O CSKA, clube que desde a década de 1930 já recebia jogadores negros em seus elencos, parece ter uma torcida mais tolerante num mundo que ainda sofre com preconceitos raciais ridículos.

O terceiro clube que analisamos é o Lokomotiv, detentor da terceira maior torcida de Moscou, um time irregular, embora tenha um excelente elenco, onde se destacam, no ataque, o experiente Sychev, ídolo maior do clube, o excelente equatoriano Caicedo, além do meia esquerdo Torbinsky, da seleção nacional. O Loko carece de uma boa sequência de vitórias pra merecer brigar pelo título desta temporada.

O quarto clube que analisamos é o Rubin Kazan, campeão russo em 2009, faz uma campanha regular este ano, embora também possua um brilhante elenco, onde se destacam o turco Karadeniz, o equtoriano Noboa, o atacante paraguaio Valdés e o africano Martins (ex-Inter de Milão). A grande decepção do time kazanense fica por conta do brasileiro Carlos Eduardo, ex-Grêmio, contratado junto ao Hoffenhein da Alemanha por nada menos que 20 milhões de euros e que quando não está machucado, não merece a titularidade. O Rubin está apenas em quinto no Campeonato Russo.

Os quatro times acima analisados são os que conseguiram vagas nas próximas fases das competições européias. Deles, o CSKA tem a missão mais difícil: enfrentará o Real Madrid. Mas, creio que uma boa partida no Estádio Luzhniki, pode dar chances aos krasnyi-sinyi moscovitas na partida de volta na capital espanhola. O Zenit enfrentará o Benfica, numa batalha, ao meu ver, sem favoritos. E como o Zenit é o mais estável dos times russos, confio que possa brigar ferrenhamente pela vaga nas quartas. Pela Liga Europa, o Rubin Kazan vai enfrentar o Olimpiacos da Grécia. Missão difícil, mas também não antevejo favoritos. Já o Lokomotiv enfrentará os bascos do Athletic Bilbao, uma equipe sempre difícil de ser batida, mas como disse anteriormente, o maior problema do Lokomotiv é a instibalidade, joga partidas boas e ruins de uma semana para a outra.

Deixo para uma outra postagem, as análises dos outros times russos, como o Spartak Moscou, clube de maior torcida do país, além do Dinamo Moscou, e da nova estrelas do business esportivo, o daguestano Anzhi Makhachkala. Quem sabe eu crio o blogue e posso falar, inclusive, da segunda divisão russa, donde tive a oportunidade de assistir dois jogos na casa do Kamaz, em Naberezhnye Chelny. Desejo boa sorte aos times russos, com especial ênfase ao CSKA e o Rubin, embora reconheça que a missão do rubro-azul de Moscou seja dificílima.

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