domingo, 12 de junho de 2011

É Muita Chinfra!


Eu prometi postar cinco discos que marcaram meus 3 meses na Rússia, pois bem, com um tanto de atraso vou tentar cumprir minha promessa. Ouvir música faz parte do meu viver, como se fosse uma trilha sonora constante de tudo o que faço. Escuto música até pra estudar, pois creio que a música barroca ajuda, tanto quanto um copo de café, na concentração. Hoje, dedico meu segundo disco da série Viagem à Rússia (calma, eu sei que parece que vou viver de um eterno efêmero passado) ao Trio Pouca Chinfra e a Cozinha, grupo de samba de Recife. O mais recente álbum da Chinfra (2010), é uma das melhores pérolas da música recente do Brasil, e confesso que sinto um tantinho de orgulho do sucesso da rapaziada e vou explicar o por que:

Não tenho muita certeza de qual ano foi fundado o citado grupo de samba, mas minha primeira lembrança do nome Pouca Chinfra foi quando meu velho amigo Carlos "Cacau" Holanda, me convidou pra um sambinha na cachaçaria da Rua da Moeda, Recife Antigo, por volta de 2005. Dizia ele: "Dodô, meu irmão Dedeco, tá tocando num grupo de samba que toca vários covers dos Demônios da Garoa, vamo nessa!" E fomos. Bem, das primeiras lembranças o que fica era aquela impressão de que tudo era improvisado e bagunçado, mas muito legal, levado no peito e na raça. Aos poucos, a pequena cachaçaria ficou pequena pra tanta gente que se espremia naquele calor infernal. Sempre com muita gente bonita acompanhando os shows, a Chinfra foi pro primeiro andar do Pina de Copacabana e, pra variar, casa lotada todas as sextas. O negócio começava a ficar sério e a rapaziada também começou a caprichar nas notas e na percussão. Bem, daí pro sucesso na cidade inteira foi um pulo. Hoje, eles apresentam este disco que vou deixar no final desta postagem pra vocês, muito bem elaborado, com letras inteligentes e uma jovialidade muito boa.

Esse disco do Pouca Chinfra me faz lembrar dois momentos em que o escutei enquanto estava na Rússia. O primeiro foi quando eu estava em Chelny, no Tartaristão. Era uma noite de segunda, estava na transição do inverno pra primavera, fazia -2 graus e eu não queria ficar em casa. Peguei o Ipod e decidi comprar cigarro e uma cerveja, enquanto dava uma volta pela vizinhança. Cheguei no mercadinho e pedi um Marlboro e, envolto na brasilidade da música, esqueci de pronunciar como os russos, ou seja, Marlbara (a letra O em russo, quase sempre tem som de A). A mulher disse que não tinha esse produto. E eu mostrava, "olha ele alí, olha ele alí". Pronto, um cigarro e uma Heinekken de meio litro. Caminhei pelo bairro da Zyab naquele frio e como me sentia próximo do Recife ao escutar a voz do meu amigo José "Macaco" Demóstenes. Poxa, chegava a ficar com olhos marejados ao me lembrar que desde o comecinho, naquela bagunça da cachaçaria, o Pouca Chinfra fazia, agora, um disco tão bonito, que merece ser escutado por todo mundo. A segunda lembrança foi mais alegre, estava caminhando na Avenida Niévski em São Petersburgo, distribuindo sorriso para as beldades que passavam, cheio de auto-confiança. Destaco as músicas "traseirando", "carmelita", "rainha da bateria" e "finarmente". Não duvide, meu caro, minha cara, você pode encontrar boas letras no cenário atual!


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