Olá queridos visitantes, hoje gostaria de tratar de um assunto que está muito próximo de nós brasileiros, mais ainda dos moradores da manguecéia, que é a violência urbana. Todos nós sabemos que o ser humano tem seus impulsos agressivos e que a guerra e a violência citadina existe desde que os primeiros homens resolveram se juntar em coletividade. A questão é quando essa violência extrapola os limites do tolerável para uma convivência em comunidade. Muito se fala pelas academias que a violência é um reflexo do nosso atraso econômico e do nosso subdesenvolvimento cultural, porém, como podemos explicar que existe criminalidade em países bem estabelecidos, como Canadá, Noruega ou Japão?
Na nossa cidade, os assaltos sempre fizeram parte do nosso cotidiano. Quando eu era criança e estudava no centro do Recife, sempre via perambulando pela rua, os famosos "cheira-cola", ou "trombadinhas", como queiram. E eles assaltavam as outras crianças e mulheres com cacos de vidro na mão, e muitas vezes, até nos convaleciamos de sua triste situação, depois que a raiva da perda do objeto passava. A questão é que o maior problema de assalto na nossa cidade não é mais do pobre trombadinha que roubava um relógio ou um trancelim, os "novos" assaltantes de hoje, assaltam por conta de uma doença social que toma conta de muitas cidades grandes do Brasil, que é a chegada do crack. Não sou químico para dar uma abordagem correta dos efeitos do crack num ser humano, mas é certo, empíricamente, que essa droga tem um poder de destruição infinitamente maior do que as outras e que já derrubou muito "neguinho" experiente por aí.
Sei que esse papo pode parecer careta da minha parte, entretanto, eu sou a favor da legalização de algumas drogas recreativas que estimulam o pensamento e o conforto dos usuários, desde que usadas de forma consciente. Por exemplo, um cidadão que toma um LSD, jamais deverá guiar um carro, ou coisas desse tipo. Mas, em relação ao crack, percebemos que se trata de uma doença, mais social do que física. Ele degenera a moral. Eu trabalhei durante muitos anos em comunidades carentes do Recife, seja como professor ou como assistente social, e cansei de ouvir relatos de pessoas que vendiam a televisão da mãe, que se prostituíam e que passaram a roubar para sustentar o vício. A chegada do crack na nossa cidade consta de, aproximadamente, cinco anos e é esse o período em que houve um boom de criminalidade na cidade do Recife. Para mim, o determinismo nesse caso é bastante justo.
Em cidades como o Rio de Janeiro, os traficantes locais "apagam" os consumidores de crack e os negociantes, porque eles vêem essa droga como extremamente danosa ao seu comércio ilegal. De que maneira isso se dá? Ora, o Tráfico no Rio se sustenta, basicamente, do consumo de cocaína. O consumidor dessa droga pode passar anos e anos como cliente, ficando vicíado depois de um tempo, logicamente, mas sem trazer a degradação moral que o crack traz. Porque o crack vicia e destrói rapidamente, então não é lucrativo para os traficantes do Rio de Janeiro que essa droga se estabeleça por aquelas bandas. Aqui no Recife, essa droga criou ramificações e contaminou diversas camadas da sociedade. O fenômeno resulta nas ruas, nos próprios assaltos. Antigamente, os trombadinhas roubavam relógios e celulares e os ladrões adultos roubavam carros novos e assaltavam bancos e supermercados. O que vemos hoje é uma multiplicação dos assaltos, onde homens viciados roubam o que estiver ao alcance, desde carros velhos, bermudas, celulares ultrapassados; enfim, tudo o que puderem trocar por 30, 40 reais e consumirem de crack. Os que ficam devendo 100, 150 reais e não tem mais como pagar, quitam o débito com a própria vida, é o que constatamos diariamente. Daí, na nossa cidade contarmos com a mais nova atração turística, o Contador de Homicídios. Quando passamos no ônibus de 11:30 da manhã já temos 13, 14 mortos por assassinato.
O assunto é polêmico e o que eu escrevi não é, necessariamente, a verdade. É apenas a visão de como enxergo a avalanche de assassinatos e assaltos que assola o Recife de uns anos pra cá. Repito: Recife nunca foi o paraíso dos capuchinhos, sempre houve violência e desmandos na nossa cidade, mas é inegável que esse período atual é, sem dúvida, o mais violento da nossa história.
3 comentários:
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no mei do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
boa, flávio!
Fala Dodo...muito boaaa
Paulo Emilio
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