quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Mestre e Margarida (Мастер и Маргарита)



Olá queridos visitantes, espero que estejam bem e que se o demônio estiver ao seu lado, que esteja bem intencionado. Hoje, resolvi postar sobre essa obra do grande escritor russo Mikhail Bulgakov, chamada Mestre e Margarida. Essa obra é, infelizmente, muito pouco conhecida no Brasil. Acho que na biblioteca da UFPE não temos esse livro. Conheci essa história através da minha professora de russo, a ilustríssima Larissa Chevtchenko, que juntamente com o outro aluno, Marcone, pegaram a cópia do filme pela internet. Na realidade, é uma série. São 10 horas de filme, onde todos os diálogos presentes no livro se encontram no filme. Detalhe: o filme é em russo e não tem legenda.

Quando eu estava viajando para o ENEH em Florianópolis, no ano de 2006, conheci uma estudante paranaense, chamada Máira, que por coincidência, tava terminando de ler Mestre e Margarida que ela tinha tomado "emprestado" (tomara que ela não fique chateada com esse furo de reportagem) da biblioteca da UFPR. Travamos amizade e ao último dia do congresso, ela me deu o livro, um tanto comprometido. Comecei a ler na volta no ônibus e o livro, simplesmente, me prendeu. Bulgakov, que era muito querido por Stálin que adorava assistir suas peças, escreveu o livro entre 1936 e 1940, mas só o pode divulgar em 1960, depois da morte de Stalin, quando a literatura pôde se desintoxicar um pouco da fuligem do calabouço.

O livro, que é uma grande paródia ao período stalinista, se passa na Moscou dos anos 30, onde a comitiva de Satanás vem banquetear-se com os mortais. Na primeira cena, o demônio, ou melhor, o Professor em ciências ocultas, Woland, está passeando pelo Largo do Patriarca, numa tórrida manhã de verão e dá de cara com um famoso literato, Berlioz e um jovem poeta, Ivan Biezdomny. Os dois conversando sobre Jesus enquanto personagem histórico. Se ele realmente teria existido e se tudo acontecera como as pessoas acreditam até os dias de hoje. Woland se interessa pelo assunto e pede para intrometer-se na conversa. A partir daí começa uma belíssima narração onde Woland começa a contar detalhe por detalhe o dia da execução de Cristo, seu debate com Pilatos e o "sopro" que ele teve que dar no ouvido de Caifás para condenar Jesus. Meus amigos, possam crêr, a narrativa da morte de Jesus pelo demônio é comovente! Por mais que pareça uma heresia, o demônio nutre um profundo respeito pela figura do Cristo.

A partir de então, a comitiva do demônio, composta pelo Professor Woland (ele próprio), Koroviev, Azazello e um gato preto enorme que anda nas patas traseiras e fala, chamado Behemoth, vão fazer as maiores estripulias na cidade. No Teatro de Variedades vão dar uma sessão de ilusionismo que vai causar furor entre os cidadãos moscovitas. Ainda nos dias de hoje, o apartamento número 50 da Rua Sadovaia é ponto turístico no centro de Moscou.

Não vou narrar toda a história porque quero que vocês leiam e sintam a culpa e o arrependimento de Pilatos e a ironia do escritor para com o stalinismo, desde o debate sobre a existência de Jesus enquanto personagem histórico até o show de ilusões no Teatro de Variedades. É uma crítica muito sutil ao regime socialista. Por favor, não venham me dizer que o stalinismo não é socialismo! O Brasil é o único lugar do mundo em que os burgueses são comunistas e o socialismo é cristão.

No final de tudo, a história do Mestre e seu romance com Margarida se tornam coadjuvantes, à medida que a trama vai se desonvelvendo até culminar no Grande Baile de Satã e na libertação de Pilatos. Falando tantas sandices, fico me colocando no lugar de vocês, devem pensar que não estou falando coisa com coisa. Implorei a Rodrigo que lesse o livro, prá ter com quem debater, depois de muito insistir, ele começou a ler e não conseguiu se separar até terminar. E debatemos sobre o livro e acrescentou bastante ao aprendizado (nossa, quanta pedagogia!) Chega, leiam o livro!

7 comentários:

Venus in Furs disse...

Porra, Dodô! Fiquei curiosa agora, visse? Quando receber meu primeiro salário, vou comprar esse livro. Depois que ler, passo aqui contando. Bjs! Saudade!

Anônimo disse...

Não fiquei chateada com o "furo de reportagem", queridíssimo hahaha foi isso mesmo!
Na verdade esse livro foi tomado, da biblioteca da UFPR da sessão de restauro por uma amiga minha Marina Vello (ex-bonde do rolê, flagra?) O livro estava jogado às traças, nós duas trampavamos lá quando ela o achou e começou a ler.... Foi acometida pela mesma paixão e ânsia de ter com quem debater que vc relata aí no teu excelente texto, por isso ela fez um xunxo e me deu o livro. Ela é louca por esse livro e profunda conhecedora de literatura russa, ela chegou a tatuar na perna o gatão do mal com um revolver Behemoth, capa de uma das edições. Na ocasião do ENEH eu já havia lido há mais ou menos um ano e levei por levar algo pra ler... pra vc ler! (especulativamente hehehe).
Mas acredito muito como disse o Kafka que agente só termina de ler mesmo quando passa o livro pra outra pessoa. Esse livro raro expressa mto bem isso, tamanha a fome de querer falar sobre ele divulgar a puta experiência que é devorá-lo.
Uma prova é que o Mick Jagger fez "Sympathy for the Devil" em meio ao extase de ter terminado o livro, presente da Marianne Faithfull.
Pra quem quiser ler:
Tem uma edição da coleção da folha de sp, fácil de encontrar em sebo, bibliotecas mas a tradução é bem tosca. Também tem links pra baixa-lo no portal detonando, mas não é aconselhavél pq é um livro difícil de se separar dele, mesmo! Vale a pena procurar em sebos virtuais!
E Dodô quando é que eu vou ver esse filme, essa série??? Tô dois anos na instiga dessas imagens hahahah
Beijo enorme!

Anônimo disse...

caralho, eu não sabia que Mick Jagger tinha escrito Simpathy for the Devil por causa desse livro! Senão teria colocado no texto! "Please to meet you, hope you guess my name!" Menya Zovut Woland! hehehehehe!

Sr. Anísio disse...

Caralho, faz muito sentido, um senhor elegante, que viu jesus duvidar de sua fé: please to meet... que lindo... poizé, grato meu caro, pela indicação carinhosa, e por que não dizer, insistente, imperativa! agora essas fantásticas figuras fazem parte de meu corpo.
e mais, não quero nem polêmizar nem desdizê-lo, mas quando o li, não o fiz pensando como uma alegoria a situação da Rússia nos idos tempos de Stalin. De modo diferente, li e me encantei pelas imagens, o sarcasmo, a narraiva fantástica e tudo o mais. e gostaria de me insunuar por aqui e apontar essa leitura anti-alegórica digamos assim, e assim deixemos... bjus meu caro, continuaremos essa conversa, em um bar. ae

diogo luna disse...

dodô, agora é minha vez de lê-lo!

Anônimo disse...

rodrigo está de posse, sugiro q tiago tb leia, é a cara dele, aquele capetinha! diogão, irás gostar tb.

Anônimo disse...

Olá, meu nome é Juliana, sou estudante de figurino e indumentária. Estou para fazer meu trabalho de conclusão de curso e queria falar sobre a indumentária russa, e vi que você estuda russo com Larissa Chevtchenko, que é uma das pessoas com quem gostaria de entrar em contato. Pode me dar o e-mail dela? Se não puder, pode passar o meu pra ela? juliana_freitas1977@hotmail.com

Desculpe invadir assim seu blog.
Um abraço!