Feliz 2009.
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Hipérion a Belarmino
Feliz 2009.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Счастливого Рождества - Feliz Natal
Nosso mundo moderno nos obriga a cada vez mais buscar a originalidade escondida, o novo traço, o talento individual inédito. Mas, corremos o risco de esquecermos daqueles que fundaram as bases de nossas experiências. E como é grandioso nosso descobrimento das coisas do passado! Por vezes, temos a soberba de nos autoidentificarmos como sendo o ápice da civilização ou, num sentido mais progressista, que estamos caminhando para esse apogeu. Aí, nos deparamos com a grandeza dos antigos, com a força mítica da tradição. Assim, Santo Agostinho ainda é bastante atual aos nossos olhos. A Ilíada e a Odisséia, são tão audaciosas quanto as aventuras de Senhor dos Anéis e por aí vai. Os grandes homens do passado precisam ser conservados.
Assim, a virada de Penderecki em direção ao trabalho realizado por Bach, um barroco tardio, merece nosso louvor. Não que o nosso polonês esteja fazendo uma imitação barata de sua obra, mas contribuindo e expandindo uma tradição encantadora. Os Sete Portões de Jerusalém é o meu presente de Natal pra vocês. Destaque para o primeiro e o sétimo atos que são extraordinários. Beijo para todos e que aproveitem este Natal. Mesmo para quem não tem fé nem religião, o Natal é um período iluminado, pois sua mensagem é otimista e pacífica e não existe estado de espírito melhor para encarar a vida. Schopenhauer que o diga.
Seven Gates of Jerusalem (Penderecki):
http://rapidshare.com/files/173984601/PQP_Krzysztof_Penderecki_Seven_Gates_Of_Jerusalem_1999.rar
domingo, 21 de dezembro de 2008
Apolônio
sábado, 20 de dezembro de 2008
Mostar Sevdah Reunion
Falando sobre os ciganos, dizia eu que esse povo migrou da India no Século XV e esses mesmos foram muito importantes para a formação cultural de quase todos os países do leste europeu. O que seria da música popular russa sem a influência cigana? Tem uma passagem muito viva na minha cabeça no romance dos Karamazov, quando Dmitri viaja tresloucado atrás de Katarina Ivanovna e ao chegar em sua residência, manda conclamar os ciganos, oferecendo dinheiro e champagne em troca de uma legítima festa e, os ciganos fizeram como só eles são capazes. Atualmente, o país com a maior população cigana é a Romênia e onde esse povo introduz sua cultura, enriquece o mosaico artístico, porque eles bebem de diversas fontes, desde suas "origens" indianas.
Existe uma cidade na Bósnia e Herzegovina chamada Mostar (opa, o que isso tem a ver com os ciganos?), que possui quase 200 mil pessoas, divididos entre bósnios (muçulmanos), croatas e sérvios (esses dois últimos se diferem pela religião, os croatas são católicos e os sérvios, ortodoxos). A cidade tem esse nome por causa da ponte que corta o rio Neretva. Não sei como se chama em bósnio, mas em russo a palavra ponte é "most - мост", então é provável que seja alguma coisa parecido com ponte. Essa belíssima ponte, que foi destruída na época da guerra na Iugoslávia (93 e 94) e reconstruída após o fim do conflito, serve de ligação entre os dois lados da cidade que na época medieval eram duas cidades chamadas Nebojša e Cimski grad. Me faz lembrar de Budapeste, que no passado era duas cidades: Budá e Pest, a primeira de população magiar e a segunda de comerciantes alemães, separados pelo Danúbio. Salve Zóltan, onde quer que esteja, foi ele que me explicou isso.
Nessa cidade bósnia existe um grupo de música folclórica muito bom chamado Mostar Sevdah Reunion, com inegáveis e explícitas influências da música cigana. Uma riqueza para quem gosta de conhecer músicas de locais diferentes. À frente do grupo encontra-se Shaban Bajramovich, conhecido como a "lenda cigana". Em alguns momentos parece que estamos ouvindo jazz, mas não, é música cigana. Espero que vocês tenham coragem de tentar conhecer, pode ser prazeroso, meus amigos, embora entender o que se canta em bósnio não é nada fácil. Então, minha sugestão para essa noite de sábado é a trilha sonora de Viagem a Darjeeling e dois discos do Mostar Sevdah Reunion, o primeiro com Shaban Bajramovich nos vocais e o segundo com Ljiljiana Butler, uma daquelas cantoras bem gordas, com cara de bolacha maria, mas que bota pra quebrar! Obrigado pela visita e aproveitem as sugestões.
links (cliquem com o botão direito do mouse):
1) Darjeeling Soundtrack, parte 1 e 2: http://rapidlibrary.com/index.php?q=darjeeling+soundtrack&filetype=0
2) Mostar Sevdah Reunion, a gipsy legend: http://rapidlibrary.com/download_file_i.php?qq=mostar%20sevdah&file=4690197&desc=Mostar+Sevdah+Reunion+-+2001+-+A+Gypsy+Legend+.rar
3) Mostar Sevdah Reunion com Ljiljiana Butler: http://rapidlibrary.com/download_file_i.php?qq=mostar%20sevdah&file=4690200&desc=Mostar+Sevdah+Reunion+-+2002-+The+mother+of++Gipsy+soul+.rar
Ah, e se alguém cobrar, bota na conta de Edir Macedo (ninguém quer me dar 10% não?)
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
A Vida de Leno
Letra:
QUEM TEM A FORÇA DE SABER QUE EXISTE
E NO CENTRO DA PRÓPRIA ENGRENAGEM
INVENTA A CONTRA-MOLA QUE RESISTE.
QUEM NÃO VACILA MESMO DERROTADO
QUEM JÁ PERDIDO NUNCA DESESPERA
E ENVOLTO EM TEMPESTADE DECEPADO
ENTRE OS DENTES SEGURA A PRIMAVERA.
domingo, 14 de dezembro de 2008
Barro-Macaxeira (BR-101)
Durante dois anos da minha vida, eu trabalhei no Programa Parceria nos Morros da Prefeitura da Cidade do Recife, cuja sede da minha estação ficava no bairro da Guabiraba. Então, eu acordava umas 6 da manhã para às 7 estar no ponto de ônibus para pegar o Barro/Macaxeira prá quando chegasse na integração ainda pegar outro que saísse da Macaxeira para a Guabiraba. Ou seja, eram quatro ônibus por dia, só pra trabalhar. Portanto, posso dizer que sou um bom conhecedor da realidade desse ônibus. Ele faz um trajeto que incorpara diversos bairros pobres da zona oeste da cidade, servindo de elo entre a zona oeste e a zona norte da nossa cidade. Recolhendo a multidão que desembarca no metrô, vinda de diversos bairros da periferia, para se espalhar pelo resto da cidade. Diversas vezes eu estava na parada de ônibus, já atrasado, e o danado vinha super lotado de uma maneira que o motorista, quando muito, se limitava a bater os punhos fechados avisando que não cabe nem uma mosca lá dentro.
Até que ele passasse pela Avenida Caxangá era impossível atravessar a borboleta, que dirá sentar-se, e quando conseguia se acomodar em pé entre as pessoas, surgia do coração do ônibus (da sanfona do ônibus) um coro de vozes que variava de um senhor protestante, moreno e careca, que abria sua bíblia e se esbravejava para ser ouvido até a legião de doentes pedindo dinheiro para comprar remédio ou comida. Posso garantir que nunca ouve uma única viagem em que alguém não tenha ficado naquela metade do ônibus a pedir a atenção dos viajantes. O "pastor" das manhãs se emocionava ao narrar passagens da bíblia. Confesso que algumas passagens bíblicas aprendi ouvindo sua narração, ao mesmo tempo em que me esforçava em parecer imperceptível, porque se ele notasse que eu ouvia-o com atenção, não arredaria do meu pé. Assim ele gritava loucamente falando que Mizak, Sadrak e Abdnego estavam no cativeiro da Babilônia e foram salvos pelo verbo divino. Outro dia, ele pregava sobre o Apocalipse e cantava e orava, gemia. Outros crentes acompanhavam e diziam "aleluia", outros ficavam indiferentes, por vezes algum gaiato soltava uma piadinha ou gritinho para enervar o "pastor". Além do pastor, muita gente ia vender chocolates com laranja, balas de jujuba, pipoca, picolé "da fruta", canetas, tesourinhas, alfinetes, linhas para costurar, produtos fitoterápicos. Nossa, como não se lembrar daquela vendedora dos produtos "Raízes da Natureza" que começava seu discurso com um efusivo "Bom Dia" que ninguém respondia e ela, ironicamente, dizia "obrigado pelo bom dia de cada um" e começava a narrar os preços dos produtos que prometiam limpar a pele de todas as doenças e micoses.
Um caso à parte são os doentes e seu relatos dramáticos. Gente sem braço, costurada em todo lugar, carregando as receitas dos médicos, com crianças nos braços, com todo tipo de doença que se pode imaginar. Ao sair do Barro/Macaxeira você se sente pesado, culpado de existir e estar com a pele limpa. Essas pessoas não tem o respaldo do Estado e acabam tendo que apelar para a população pobre que se desloca nas linhas da integração. Ontem, quando peguei esse ônibus, um velhinho com elefantíase subiu no ônibus, a perna extremamente inchada, fiquei imaginando como deveria ser desconfortável qualquer movimento de caminhada para ele. E a população comovida, limpa seus cofres com suas míseras moedas e vão aliviando a dor dos pedintes e alimentando esse estado de dependência em que pessoas de todas as idades e por diversos motivos se utilizam do Barro/Macaxeira para sobreviver. Além dos doentes, pessoas que vêm da CEASA com caixas e sacolas cheias de alimentos que se espremem entre as pessoas: caixotes de batatas, melancias, laranjas e tudo o que se pode imaginar, até víveres. O Barro/Macaxeira expõe a face mais carente de nossa cidade, numa verdadeira guerra entre os passageiros que viajam agotados vindos da construção civil, da recepção de algum laboratório, empregadas domésticas, estudantes... numa guerra por espaço com os que querem tomar suas moedas em troca de bugigangas ou através do apelo de suas moléstias. O Barro/Macaxeira me lembra aquelas imagens antigas daqueles filmes que se passavam no interior de El Salvador, onde ônibus velhos carregavam a população com galinhas voando no sacolejo das estradas esburacadas. Entretanto, enquanto a imagem dos filmes são engraçadas, dentro desse nosso ônibus tudo é muito mais desesperador. Que postagem triste para se abrir uma semana, mas essa é a realidade de muita gente que vive na mesma cidade que eu, e porque não, também é a minha realidade, na medida em que só pude relatar isso pela minha própria experiência de quem fica calado observando os acontecimentos, me expremendo entre os concidadãos. Com certeza, esqueci de relatar muitas coisas singulares que vi nesse trajeto, mas isso fica para uma próxima, quem sabe. Um asseado abraço a todos.
sábado, 13 de dezembro de 2008
Sobre a Tradição Alemã
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Bolsa Estupro
link: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/08/080812_estuprovitima_np.shtml
direitos humanos: http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=4336&Itemid=1
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Matthäuspassion II
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Náutico, Contra Tudo e Contra Todos!
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Os Herdeiros de Lampião
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
A Vida dos Mortos
Muitos são os relatos de brilhantes homens que se dedicaram a sua arte durante toda a vida e não receberam o reconhecimento material quando de sua passagem por este pequeno planeta escondido dos deuses. Trabalharam incessantemente e sua obra não pertencia aos homens do seu tempo, pertencia ao futuro ou ao passado. Cada vez mais acredito nas palavras do velho filósofo iluminista alemão, Christian Wolff, que dizia que a essência do ser humano é a busca pelo prazer e, consequentemente, a felicidade. Toda evolução tecnológica que facilita nossos dias, fazendo com que tenhamos mais tempo para gastar nosso tempo, é para que diminuamos nosso trabalho e dessa forma sentirmo-nos felizes. Entretanto, nos momentos de tristeza é que somos capazes de refletir, conservar hábitos, planejar. Muitos foram os homens que na contramão da essência acreditada por Wolff, passaram a maior parte do tempo a contemplar o sofrimento, a matutar sua dor. E desse compêndio, verdadeiras jóias foram lapidadas em quartos mal iluminados, em ambientes insalubres e com o fruir de lágrimas de incúria.
Esses homens morreram sem que suas obras fossem reconhecidas pelos seus pares, assim Franz Kafka chegou a pedir ao seu melhor amigo, no seu leito de morte, que queimasse toda a sua obra porque não teria serventia para a humanidade. Dostoiévski morreu à míngua, sendo levemente reconhecido pelo Estado nos últimos meses de vida, entratanto encontrando uma atrasada gratidão do público que culminou na multidão que acompanhou seu enterro. Sem contar nos homens que foram condenados pelo Tribunal do Santo Oficio e outros julgamentos do tipo. Entre tantos artistas de enorme talento que deixei de citar, gostaria de recair o olhar sobre o grande músico vienense, Franz Schubert. Durante o período que cá escrevo, estou ouvindo seu concerto para violino e piano. Vou deixar o link, no final, pra quem quiser baixar essa belíssima obra.
Schubert era a principal voz do coral da Escola dos Jesuítas, tendo uma educação musical bastante rigorosa. Ao se tornar adulto não conseguiu chamar a atenção da população vienense, de maneira que para se sustentar vivia da ajuda de amigos, entre eles Franz Liszt e Robert Schumann, que também não eram ricos. Aliás, quando ouvimos a música desses grandes compositores clássicos ficamos a imaginar que eles viviam em castelos e que a beleza de suas músicas vem da inspiração luxuosa em que vivem. Engano nosso. Um dos poucos que puderam gozar dessa imagem que fazemos foi o judeu (Por quê será?) Félix Mendelssohn que era considerado o melhor músico de seu tempo, além de Haendel que no fim da vida gozou de enorme prestígio na Inglaterra. Porém, muitos desses músicos viviam em deplorável situação de pobreza. Entre os que mais sofreram podemos destacar Schubert. Um causo tão triste pode servir de piada para nós, amantes do humor negro (sem racismo). Schubert era tremendamente apaixonado pela jovem Theresa Grob, moça encantadora. Schubert não era um homem feio, entretanto sua timidez o tornava obscuro. Schubert chegou a escrever mais de 200 músicas em homenagem à Theresa, que ao final trocou o amor do nosso triste personagem real, pelos braços de um mestre-padeiro. Coitado de Schubert. Sua música é carregada de profunda tristeza, quase todas. Se algum dos meus leitores gostam de tocar violino ou piano, saberão o valor que a obra de Schubert representa. Entre suas principais obras, A Sinfonia Incompleta é a que merece maior destaque. Morreu muito moço, com 31 anos, em virtude de uma doença sexualmente transmitida que arranjou num dos cabarés mais baratos de Vienna. O homem se foi tristemente. Deixar-vos-ei com uma passagem de Jesus, que o mestre Fiódor adorava:
"Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto." (Evangelho de João; Capítulo 12; 24).
link para baixar o conerto para violino e piano:
http://rapidshare.com/files/135551418/Schubert.ViolinPpianoHoelscher.part1.rar
http://rapidshare.com/files/135551415/Schubert.ViolinPpianoHoelscher.part2.rar
Copiem e colem no navegador. Beijo para todos vocês.
sábado, 29 de novembro de 2008
Reencontro Inesperado
Não sei o que vocês acham, mas para mim, lendo esse relato, parece que a História é um universo paralelo, onde os grandes fatos passam como nuvens sobre nós, cidadãos comuns. Quero saber o comentário de vocês. Vamos debater.
p.s.: foto de Hebel
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
A República da Estrela
Curral Velho (hoje, mesma coisa)>>>>>>